terça-feira, 8 de julho de 2025
Meu pobre bisavô
domingo, 6 de julho de 2025
Deus é mulher
Ele andava pela vida com um mantra desajeitado:
- Quem eu quero não me quer. Quem me quer mandei embora.
E as colegas, todas muito boazinhas, queriam “salvar” seu coração de mofo.
Diziam:
- Tu precisa de uma namorada! Já pensou nos aplicativos? Dá pra filtrar por
signo, tipo sanguíneo e tolerância à lactose!
Ele ria, agradecia e fugia pela tangente.
Não queria amor sob encomenda, com prazo de entrega e embalagem de papel craft.
Desconfiava do bom gosto das amigas-cupido.
Preferia um amor com cheiro de feira de domingo, olhos de tempestade e alma de
segunda edição esgotada.
Algo entre Madame Bovary e novela das seis - com menos tragédia e mais
beijo molhado na chuva.
A pressão aumentava.
Uma colega beirando os sessenta lançou um míssil emocional:
- Ei! Tu não é mais guri! Vai acabar sozinho, mijando num pinico de asilo e
comendo bolacha água e sal!
Outra veio com uma solução “biológica”:
- Conheço uma prima do genro da minha vizinha. Ela planta morangos orgânicos!
Imagina as geleias!
Com esses conselhos zum-bi-zan-do na cabeça, foi parar no sebo da feira do
livro.
Tava louco por algo raro, uma frase que o abduzisse.
Mas não.
Era só autoajuda e religião. Um apocalipse de clichês encadernados.
Leu umas contracapas:
- Como ser irresistível sem sair do sofá.
- Emagreça com Buda em 12 passos e uma esteira ergométrica.
- O Segredo do Sucesso: sorria para o universo (mas pague os boletos).
Quase teve um derrame emocional.
Sentiu-se em-pa-ra-fu-sa-do.
Como confiar nos conselhos das amigas, se até os livros pareciam vendidos em
lotes com garantia de decepção?
Clichês o deixavam com urticária.
- Tenha uma vida em grande estilo!
- Fuja da raia!
- Seja um divisor de águas!
Ele queria ser um multiplicador de suspiros! Um provador de silêncios
cúmplices!
Chegou a uma conclusão heroica:
pra amar de verdade, é preciso teimosia.
É preciso acreditar no “lugar nenhum”, com potencial de virar “lugar
inesquecível”.
Enquanto não encontra o amor que ninguém lhe ofereceu, trata todas as gurias como se fossem a princesa que fugiu do castelo só pra rir com ele.
É gentil, cavalheiro e meio desajeitado com os próprios sentimentos.
Mas uma coisa ele sabe:
Deus é mulher.
E tem cheiro de café passado, gargalhada à toa e abraço que nem Wi-Fi pega.
(B. B. Palermo)
quarta-feira, 2 de julho de 2025
O buraco é mais embaixo
Recebi umas visitas e a tarde ia pelo meio.
Vocês sabem, descendente de italianos gosta de agradar,
segunda-feira, 30 de junho de 2025
Tomei um porre ouvindo Pink Floyd (Ou: Tenho uma coisinha pra dizer)
sábado, 28 de junho de 2025
Lau ao Palermo (ou algo que ele acha que ela diria)
quinta-feira, 26 de junho de 2025
O amor não precisa ser um cão dos diabos
Ele tava
lá, de novo,
com cara de fim de feira e alma de segunda-feira chuvosa.
Sentado num restaurante de beira de estrada,
encostado no balcão como quem espera um milagre
num pão de queijo murcho.
Pediu uma
cerveja - cansado do café com leite.
Bravo! Evoluiu, pensei.
A TV vomitava aqueles clipes de amor-fitness:
bundas saradas em câmera lenta,
gritos de amor eterno embalados por batidas ensurdecedoras.
Ele
pirando.
Pensamento aos pulos,
feito palhaço bêbado dentro da própria cabeça.
Olhou pro lado e resmungou:
- Se isso é amor, o resto deve ser o apocalipse com glitter.
Achei
bonito. Trágico.
Mas bonito.
No
balcão, um jornal.
Guerra daqui, ameaça dali,
líderes brincando de roleta-russa com o planeta.
Ele ficou puto.
Queria explodir tudo com palavras,
mas só conseguiu amaldiçoar o mundo em voz baixa:
- Que cloaca é esse lugar ao qual pertenço!
Foi aí
que entrei.
Sim, eu. Lau.
A deusa. A musa. A miragem com GPS embriagado.
Apareci
no meio do surto,
acionei o pisca-alerta da alma dele.
Mas rapidinho tudo apagou.
Ficou só uma tela branca,
o vazio depois da última notícia,
o silêncio entre um gole e outro.
Então,
soprei cor no vazio.
Pintei um portal com batom e coragem.
Agarrei a mão dele.
- Vem, Cadelão. Vamos fugir dessas guerras ridículas.
Ele veio.
Meio bambo, meio cético.
Mas veio.
E foi ali, enquanto o mundo ruía atrás de nós,
que ele sorriu e entendeu:
o amor
não precisa ser um cão dos diabos,
como
disse Bukowski!
(B. B. Palermo)
terça-feira, 24 de junho de 2025
Um tubarão no cinema
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Cuide do teu jardim
Estava deitado no banco da praça,
meio down, sem propósito.
Um pombo ciscava ao lado.
Um casal discutia a relação ali, a poucos metros.
Uma criança gritava "olhem!" no escorregador.
E eu? Seguia firme, encarando o céu
como quem busca um sentido pra vida.
Um senhor importante do Texas passou, de terno e suor
e ansioso pra chegar no clube e jogar sua bocha.
- E aí, Palermo, outra vez sem fazer nada?
- Não... Estou tri-ocupado, olhando as nuvens.
- Isso não serve pra nada!
- Nem eu. Por isso nos damos tão bem.
O desalmado resmungou e foi embora, carregando nenhuma culpa
por sempre ter razão.
Olhei para o céu e vi umas nuvens de algodão
cochichando-me, com suas cândidas imagens:
- Vai, Palermo, chegou a hora de cuidar do teu jardim!
Esfreguei os olhos, espantado.
- Vamos, levanta-te! A velhice bate à tua porta
e, mesmo assim, nada tens feito para ser
alcançado pelo amor!
(B. B. Palermo)
sexta-feira, 20 de junho de 2025
A vizinha é a coisa mais linda!
quarta-feira, 18 de junho de 2025
Uma galera parruda
domingo, 15 de junho de 2025
A italiana bem que podia ser a minha mãe
Obra de Arte
- Captar a essência da uva não é milagre, é arte! - declarei, com a taça erguida como quem segura a auréola de Baco num dia preguiçoso e u...
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Nada a ver, menino! Baratas, sobreviventes neste planeta há 6 milhões de anos, passeiam pela sala cantarolando um samba do “Demô...
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