sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O surdinho noiado



Sentei pra meditar e foi uma doideira.

Tentava não pensar, mas vinha seu rosto lindo
em todos os contornos:
olhos, traços da boca divina, sobrancelhas, o cabelão...
Focava de novo em não pensar
e vinha o calor do seu corpo e abraços
disparando choques de 1500 volts
que me levavam a outras dimensões,
algo bem próximo do paraíso.
Sua voz murmurando coisas que só uma feiticeira
sabe dizer pra encantar um garoto carente de amor,
mas que a vida, pela dor dos afetos, ensinou a enfrentar,
sempre fugindo e dizendo não.
“Prefiro estar sozinho, tenho medo de perder quem amo”.
Enamorado, hoje me finjo de surdo para as suas dicas
de como seduzi-la e ser o cara
pra uma garota de classe.
Eu sei, pelo brilho dos seus olhos,
que o feitiço virou contra a feiticeira,
e ela também se enamorou.
E ficamos nessa:
vivemos com intensidade o momento,
e aí me faço de desentendido,
desejando sempre um novo bis,
e dou gargalhadas deliciosas
quando a ouço dizer:
- Você sempre pede pra que eu repita
as coisas mais divinas que eu tenho pra te dizer...
Assim não dá, meu surdinho noiado!

Dois pra lá, dois pra cá

  Eu podia estar num avião rumo a Fernando de Noronha, contemplando o mar azul-cartão-postal. Mas estou aqui, duelando com a senhoria do meu...