domingo, 11 de dezembro de 2022

Acelera, Cadelão!

 

Última semana por aqui,

estou me despedindo das coisas.

Olho pra geladeira e lembro dos latões de cerveja

que "explodiram" no seu congelador, nas madrugadas,

deixando um rastro de manchas nas partes internas

de suas portas.   

São várias as tatuagens do fogão,

manchas de gordura, panelas quase queimando,

enquanto o ridículo cochilava embriagado no sofá.

Há centenas de marcas também na mesa de madeira,

afinal ela está comigo  faz umas 3 décadas.

Nela eu estudo, eu como e bebo.

A cama, idem. É incrível como ela sobrevive,

basta bater uns pregos e apertar os parafusos

da cabeceira.

O guarda-roupa é o soberano do quarto,

tem uma parede só para si,

e reclama que foi pouco lustrado, teve pouco brilho,

embora nunca tenha sido atacado pelos cupins.

A lareira me acompanha há umas 2 décadas e meia.

Sem ela, as noites de inverno seriam terríveis

para o poeta.

4 estantes guardaram os livros, uns bons,

outros ruins e outros mais ou menos.

Fiz questão de colocar os meus, "publicados",

junto aos livros do Dostoievski, do Hemingway

e do Bukowski.

O maluco que agora se despede

nunca foi internado em clínicas psiquiátricas,

não lembra se um dia usou drogas,

tem visão e audição em razoável estado de conservação,

tamanha a sua idade.


Acelera, Cadelão!

 

(B. B. Palermo)


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