terça-feira, 20 de abril de 2021

O MORTO

 


REFUGIADO NO LAR

 Refugiado no meu lar,

ouço sirenes reais e imaginárias,

tanques meia boca dos quartéis,

eles me conduzem ao banheiro

onde sou refém de uns impulsos

que sintetizam a muita vontade de vomitar

e quase nenhuma lembrança de sexo.

Eis a guerra real do terceiro milênio

que encorajou minhas neuroses

a ponto de colocarem em dúvida

se de fato estou vivo.

Sou especialista em pesquisas no Google

e outras plataformas

com meu aparelho de três mil.

Sei bem demais dos alimentos para baixar o peso,

alimentos para aumentar a massa muscular

e para aumentar minha potência sexual.

Um solitário mochileiro das galáxias,

fiel aos puteiros quase falidos,

devido à fuga dos amantes

encagaçados pelo Covid.

Observo minhas mãos limpas

de crimes e de atitudes pouco edificantes

e isso é o que menos importa,

a cabeça é que não anda boa,

fora mais atrevida e sonhadora,

hoje está enferrujada e barulhenta

como portão de prédio abandonado...

Meus olhos cansados pela ressaca

da noite de ontem

estão indiferentes.

Se você quiser se inspirar,

vai se deparar com coisas nada confiáveis.

Uma música do Raul diz que "as pedras

sonham sozinhas no mesmo lugar".

Eu deliro e sambo na avenida, de madrugada,

e também me triplico atrás de namoradas virtuais.

Me jogo pra todo canto,

caio, levanto, sou pior do que pedra,

ainda tenho uma visão romântica

do amor.

 

(B. B. Palermo)

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