segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Um brinde aos cacos desses copos



O cara da moto potente desafiando a solidão
voa pelas avenidas esburacadas dessa cidade pacata
no domingo de manhã.
Um suicídio vagaroso
e doloroso e fiel tal qual o meu
empilhando garrafas vazias.

Dias úteis dos operários cansados
são inúteis.
Um brinde aos cacos
desses copos que enfeitam nossas mãos
como se fossem rosas.

A máquina desesperada
circulou também pela tarde,
talvez estivesse depressiva
ou chapada.
Final de domingo
ônibus das bandas que animam bailões
roncam pra cima e pra baixo.
Os coroas têm opções de contar nos dedos
nos finais de semana:
bailes ou missas ou cultos
ou programas de auditório de TV.
Velhos e velhas fodem pra valer
e o tempo está se esgotando,
danem-se as DSTs
dane-se o HIV.

Familiares, relaxem,
o atestado de óbito não alegrará fofoqueiros desocupados,
dirá apenas que foi "morte por causa indeterminada".

(B. B. Palermo)

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