quarta-feira, 12 de maio de 2010

AS ESTAÇÕES ENVELHECEM

O velhinho passou vagarosamente. Esforçava-se para amenizar os vacilos que o distraiam de ir em frente.

Na hora emergiu a máxima de Heráclito, do Ser e do Vir a Ser. A constante mudança, nossa e das águas do rio. Não somos os mesmos de ontem, e as águas que agora passam não serão as mesmas que amanhã vão passar.

É inevitável. A máquina complexa do organismo envelhece, e não esconde seu declínio.

Nessas alturas falam-nos de viver com sabedoria. E acho que para isso necessitamos ter consciência de que essa máquina não pode tudo. Os órgãos envelhecem, mesmo que células que morrem dêem lugar a células que nascem, e tudo se renova, como as estações do ano.

Dizem que viver sabiamente é nos resignarmos com a perda da potência que desfrutávamos quando éramos mais jovens. De uma hora para outra diminui a energia e o ritmo.

Saltava aos olhos o esforço daquela criatura ao tentar vencer a força gravitacional. Mas a lei é objetiva, formal e universal. Não se atreva, meu velho, quando "tudo é da lei".

É grave termos esquecido da passagem inexorável do tempo, e as mudanças que ele traz.

Partes de um todo, se envelhecemos, as estações envelhecem. Vamos nos despedir no crepúsculo, antes que a Coruja de Minerva assuma o céu. Estamos a toda hora nos despedindo. mas a cada despedida torcemos para que ela nos guarde o infinito.

O certo, o que nos é permitido fazer, é pedir-lhe para que reserve um lugar para que possamos depositar nossa memória.

Toda Lorena

  Olhava pro fogo mágico do entardecer, que mais parecia uma lareira mandando bem em viagens noutras esferas. Me encanto ao ver minha musa p...