terça-feira, 13 de julho de 2021

Nenhuma epifania

 

Estava na segunda ceva

e não me vinha qualquer epifania.

Cenas comuns desfilavam diante dos olhos,

ninguém caminhando pelado entre os carros,

no sinal fechado.

Tudo bem, a noite apenas estava chegando.

Nos carros limpos, brilhosos,

havia muita gente com olhar sem graça

de quem já viu o suficiente,

de que sabe e acredita

mais do que o suficiente.

Os loucos estão sumidos,

me esforço mas não consigo enlouquecer,

talvez fingisse, mas não tenho culhões

para tanto.

O ideal seria voltar ao tempo dos 20 e poucos

e duplicar as cagadas com absoluta convicção.

O ideal seria andar pelado na avenida

em pleno meio dia,

e não às 3 da manhã,

como fiz nos tempos de garoto.

Observo o jovem vendendo abacaxis na esquina

e me convenço de que ele não teve tanta sorte,

se comparada à minha.

Seus dias talvez não sejam inspirados,

já que a luta pelo ganha-pão

suga o tempo da poesia.

mas isso é muito relativo,

e eu fico mais morto do que louco

se não tenho a presença

de uma simples

epifania.

 

(B. B. Palermo)

 

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...