Apressado,
entrei num banheiro químico
junto
à praça e aos bares e levei um susto:
quem
me encarava, de lá debaixo, era o abismo,
e
nele não havia estrelas, nem cadentes nem supernovas,
ou
luas cheias, crescentes ou minguantes.
Uma
onda impregnou as narinas,
tons
azedos de mijo e vômito,
corvos
sobrevoando e espiando meu sexo.
O
amor, dessa vez, não teve a chance de se manifestar,
ele
evaporou junto a tais cenas.
Vi
o meu amor atendendo ali naquele pub
e
os pensamentos, dessa vez, não foram sublimes,
apesar
do início promissor: foi simpática, não me fechou o rosto
e
também não me fechou seus olhos negros cheios de vida,
mas
fechou seu coração – ele deve estar abarrotado de outros amores.
Os
pensamentos, nessas horas decepcionadas, escorregam
pros
lados do escatológico, e ter ido àquele banheiro
foi
a gota d’água. E as cenas que se apresentam aos olhos
nos
bares próximos não ajudam em nada.
Bocas
devorando lanches, filés, fritas, a la minuta e olhos fixos
nas
telonas de TVs e etecétera e tals.
Conclusão
a que cheguei:
isso
não traz nenhuma garantia
de
que nosso futuro será libertador.
–
O futuro – dirão vocês – é tudo o que temos.
Sossega,
Palermo, livre-se desses pensamentos banguelas
e
sonhe alto!
(B.
B. Palermo)