terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Rodolfo quer voltar


Hoje, que tanto se fala dos condenados do Mensalão, e de como irão cumprir sua pena – regime fechado, aberto ou semi-aberto – vou contar o drama do meu amigo Rodolfo.
Depois de 15 anos de casado, ele foi proibido pela esposa de retornar ao lar. Então pediu-me para que interceda junto à sua amada, que o aceite de novo no lugar que juntos construíram nestes anos todos. Vamos à história.
De segunda a sábado ele sai cedo para o trabalho, e retorna à casa quando chega a noite, para o cumprimento do seu dever.
Num sábado, depois do expediente, Rodolfo encontrou alguns amigos e decidiram conversar e tomar algumas cervejas. Estendeu-se, o dia passou rápido nesse sacrilégio de ir de bar em bar. A noite avançou, novos amigos, histórias de amores, festas e aventuras, Rodolfo esqueceu-se de voltar para casa. Foi com a turma a um baile, num bairro da cidade (Vocês hão de  concordar que essa fraqueza, por si só, não deve sacudir as bases da lei e da ordem do sagrado matrimônio).
No dia seguinte, porém, na hora de colocar os fatos em panos limpos, meu amigo disse à esposa que chegou tarde porque havia sido convidado para o aniversário do filho de um amigo. Lá, o jogo de canastra invadiu a madrugada.
No baile Rodolfo ganhou um prêmio. Ele, que nunca havia ganho nada em sorteios, durante a vida toda! Um frango assado, patrocinado por uma padaria do bairro. Dada a quantidade de cerveja que lhe subiu à cabeça, Rodolfo esqueceu-se completamente do galináceo.
O baile foi um sucesso e, na segunda-feira pela manhã, uma emissora de rádio da cidade anunciou os ganhadores dos brindes sorteados. Por azar de Rodolfo, sua esposa sintonizava aquela emissora, naquele instante.
Acusado de mentiroso e infiel, e para dar uma resposta à altura dos anseios da comunidade, Dona Fabi enviou meu amigo para o exílio. Arrependido, agora ele sente falta da esposa e do filhinho, sua pátria e porto seguro...
Sensibilizado com sua história e sabendo que, apesar do deslize, Rodolfo é um bom rapaz, vou escrever algumas linhas para tentar convencer sua esposa, para que o aceite de volta.
Dona Fabi, não necessito da sabedoria de um guru para afirmar que os dias atuais são deveras perigosos.  Em cada esquina surge um anjo mau disposto a colocar minhocas em nossa cabeça, e nos levar à perdição. Vale lembrar, também, que nem Rodolfo, nem qualquer outro homem, funcionam como relógio suíço: certinhos, previsíveis, totalmente ajustáveis!
Para não ser refém do olhar machista, vou citar algumas frases ditas por mulheres, no livro “O amor de mau humor”, de Ruy Castro, com o objetivo de convencê-la a aceitar Rodolfo de volta.  
Embora madame Stael diga que “o amor é a história da vida de uma mulher; e um episódio na vida de um homem”, convém prestar atenção no conselho de Dorothy Parker: “Conserve os dedos abertos... e o amor fica. Feche-os, e ele se desprende”.
Marido é coisa séria, dona Fabi. Diz Zsa Zsa Gabor: “Maridos são como fogo: extinguem-se se não forem atiçados”. Quanto ao casamento, este nem sempre representa o paraíso. Diz Dra. Joyce Brothers: “ O casamento não se compõe apenas de uma comunhão espiritual e de abraços apaixonados; compõe-se também de três refeições por dia, lavar a louça e lembrar-se de pôr o lixo para fora”.
Por outro lado, mulheres que optam por não casar defendem-se com bom humor: “Nunca me casei porque nunca precisei. Tenho três bichinhos em casa que, juntos, perfazem um marido: um cachorro que rosna de manhã, um papagaio que fala palavrões o dia todo e um gato que volta de madrugada para casa” (Maria Corelli).
Sem querer desanimar-te nesse sonho de manter reto o teu casamento, veja o que disse Helen Rowland: “Quando uma garota se casa, está trocando a atenção de muitos homens pela desatenção de um só”.
E para dividirmos as responsabilidades a respeito das dificuldades no casamento, diz Mae West: “Nunca pergunte a um homem por onde ele andava. Se não estava fazendo nada errado, não precisa de álibi. E, se estava, a culpa é sua, minha filha.”
Tudo o que fazemos tem um custo: o custo de nossas escolhas. E essa é a eterna busca pela felicidade. “Quem não conheceu o preço da felicidade nunca será feliz” (Eugene Levtushenko). 
 Rodolfo precisa muito de você. Tanto é que veio a público, como se esta crônica fosse sua serenata e buquê de flores, para dizer-te de todo o seu amor!
Depois dos puxões de orelha, o que seu homem mais precisa é de colo. Portanto, aceite-o de volta, abra-lhe as portas e acolha-o na segurança do teu abraço! Não se sinta humilhada; parafraseando François Truffaut, saiba que, no amor, vocês mulheres são profissionais, enquanto nós, homens, somos amadores!

Toda Lorena

  Olhava pro fogo mágico do entardecer, que mais parecia uma lareira mandando bem em viagens noutras esferas. Me encanto ao ver minha musa p...