quinta-feira, 1 de abril de 2010

HAI-KAIS - de Alice Ruiz



Pensar letras
sentir palavras
a alma cheia de dedos

O menino me ensina
como um velho sábio
o quanto sou menina

O avião
apenas vai
quem voa sou eu

O relógio marca
48 horas sem te ver
sei lá quantas para te esquecer

Lembra aquele beijo
corpo alma e mente?
Pois eu esqueci completamente

Sem luto
pelo absoluto

   ab
      so
         luto

Hai-kai:
tomara que caia
o raio

Ia sendo
não fosse entre nós
o extintor de incêndio

Janela que se abre
o gato não sabe
se vai ou voa

Dia que termina
nenhuma pressa
ano que começa

Adeus, meu rabo de cavalo

  O chão, de repente, é um cemitério de fios. Meu rabo de cavalo, breve como promessa de verão, caiu inteiro no colo do João, barbeiro rindo...