Facas me atravessam
e acordo com o surto
de um alarme
no freezer do açougue –
basta ouvir os noticiários
e os zurros na internet.
Saudade dos tempos do coaxar
dos sapos e pererecas,
mesmo convencido
de que boa parte eram
vôos imaginários.
Sequestrado por folhas em branco
e latas de cerveja,
hoje sou patrola desesperada
gritando diante do abismo
dum pântano
cotidiano.
Espero ser adotado por uma dúzia de gatos
que me ensinem a viver do seu jeito:
em natural e espontânea liberdade.
Não mais me atraso no café da manhã.
O que importa, meu brother,
é manter a calma e ser tolerante e paciente
com as armadilhas bestas
que surgem no caminho.
(B. B. Palermo)