terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Conclusões apressadas de todo ano


As fotos dessas garotas em seus perfis no WhatsApp e Facebook - de sorrisos encantadores e batons vermelhos e poses com pouca roupa - combinam com o calor de 40 graus e a sede por espalhar a sensualidade.
A meteorologia não traz esperança, e o clima derrete minha paciência nessa virada de ano.
A TV mostra e mostra a pirotecnia que será a queima de fogos nas principais capitais do país. São esperadas 3 milhões de pessoas em Copacabana. Grandes shows num palco gigantesco em São Paulo.
Todos correm e gritam e sorriem e renovam os sonhos.
Não conseguirei sentar diante da TV, "com a boca escancarada cheia de dentes esperando..." o dia primeiro de janeiro de 2020 chegar.
Aqui estou surfando na turbulência de um grande tédio.
Todos os anos, a televisão e o resto da mídia e as pessoas se comportam do mesmo jeito: previsíveis.
Numa mesinha de um bar eu refletia sobre essas coisas, quando notei um sujeito descer do carro, falando no celular.
De imediato mapeei seu perfil: eis um cara prático, deve ser engenheiro ou dono de loja de peças para máquinas pesadas.
Aqui está um dos nossos grandes e feios defeitos: partir para conclusões apressadas.
Ele pode ter sido ator famoso de nossa Broadway, ou de Hollywood.
O rei da soja no Centro-oeste brasileiro.
O cara que bancou a mais gostosa da Playboy...
Eu aqui julgando, limitado pelas pretensões de minha míope visão.
Pela manta surrada, de tantos invernos.
Pelo capuz do meu resfriado.
Pela jaqueta e uísque e aparelho de som do Paraguai.
O dia 31/12/2019 é de um calor broxante.
E na minha cabeça o inverno entrou de férias
e levou consigo meu punhado de paciência para com as coisas do mundo.

(B. B. Palermo)


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...