quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Ao sentar no vaso, fez-se a luz



Foi uma alucinada no banheiro que trouxe a luz. Os traços geométricos dos azulejos são ridículos. Os tapetes também. Distraído, ouvia a narração da partida de futebol na TV da sala e meus olhos se encheram de areia ao ouvir o esforço que o narrador e comentaristas faziam pra animar uma quimera de jogo. Teu cu! - pensei - dane-se a obrigação de manter elevado o ibope dessas merdas de programas de televisão.
As coisas rolavam nessa pegada no domingo à tardinha. Saquei, com vontade de dar voadoras nas portas das casas do condomínio, que as coisas funcionam dentro de certa lógica. Sempre a lógica que põe na cabeça da galerinha o que é normal. Nos noticiários, quando abordam a cultura popular, tipo Festa de São João, os filhos da puta apenas enfatizam o incremento na economia, hotéis, gastronomia. Estatísticas e números. Teu cu que isso é normal, teu cu que isso é apenas má-fé! Isso é falta de pauta, meus amigos!
Vocês diriam, Pare de usar em vão o nome de tão magnífico órgão, afinal toda a natureza necessita dessa válvula de dispersão, inclusive árvores têm ânus e blá-blá-blá...
Concordo, pessoinhas, *** são abordados e acariciados e endeusados e, muitas vezes, humilhados... e não apenas pelos sentidos. Há o discurso de gênero, o político e o científico e tals. Observem a importância acadêmica de refletirmos sobre o ** do imaginário, o ** da fantasia, o ** do inconsciente. Beiço direciona seus olhos pálidos pra outra coisa, já que diz que sou meio repetitivo: Cadelão, e o rabo da loirinha, hem? É... aquela que fez a dancinha da garrafa e ficou horas sassaricando no teu colo esses dias, naquele puteiro...
Pelo amor de Deus, deixem o ** seguir seu fluxo, cumprir sua indispensável missão, seja em árvores ou peixes ou insetos ou bichos ou humanos. Um poeta disse que pedras têm cu! Quando li isso tive a sensação de que tudo já foi escrito, rabiscar em folhas em branco agora é uma perda de tempo.
Sei, estou na periferia dos grandes debates, que ditarão os rumos dessa grande merda. Não faço a mínima ideia do que é mais importante, se a denúncia de estupro de um carinha famoso ou a liberação de mais agrotóxicos. Ou se é o desabafo da garotinha descrevendo no Facebook os detalhes dos conflitos com sua mãe, avó de sua cria, ou se é o desaparecimento das abelhas. Ouço gritos de socorro nesses bueiros e aposentos de casarões abandonados. Cada qual superdimensionando suas paranoias. Hora ideal pra um médico entrar em cena e anunciar o temido câncer no ****. Então a garotinha quer que o mundo todo saiba que, entre Ela e sua mãe, os canais afetivos e de comunicação não funcionam? Teu rabo, minha filha!
Esses dias rolou uma campanha pra juntar dinheiro pra um sujeito poder conhecer pessoalmente seu grande amor, que garimpou nas redes sociais. Dinheiro pra passagem, dinheiro pra hospedagem... Então eu devo doar meu dindim pra uma criatura que não conheço poder viajar e conhecer seu grande amor? Ah, tá, grande coisa, teu cu que eu faço isso!

(B. B. Palermo)

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...