quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Babacas tomamos conta do mundo

 

A melhor forma de praticar

a liberdade de expressão

é não falar merda.

 

Há um jeito mais fácil:

não abrir a matraca

se não tiver

uma opinião

bem fundamentada.

 

Pobrezinhos.

Não conseguimos diferenciar

uma escada de um poste.

Não conseguimos mijar

no tronco das árvores.

Não nos importamos em descartar

nosso lixo

pelos caminhos

por onde andamos.

Não conseguimos ter um infarto fulminante,

dando uma folga para familiares e amigos.

 

Ainda bem que não raciocinamos muito,

senão sacaríamos que não fazemos por merecer

o ar que respiramos.

 

(B. B. Palermo)

 

domingo, 24 de outubro de 2021

Cobra Coral duelando com gatos

 

Pra fugir do tédio diário

de nadar como peixe no aquário

NADA resta 

senão relaxar

com algumas 

cervejas.

Não consigo distinguir

cegos de míopes,

deslumbrados 

de aleijados.

Já não sei se tropeço

na calçada

ou no verbo.

Não sei se elogio

ou critico,

se sou poeta queridinho

das putas vorazes

ou sujeito estranho

das secretárias

e diaristas.

Vacilo, pendo

ora pra esquerda,

ora pra direita.

Sou cobra Coral capoeirista

duelando com gatos Kickboxings

no pátio.

Meu veneno não mata,

no máximo embriaga,

mas pra isso acontecer

você precisa ao menos sonhar

que um dia vai se libertar

do aquário.

 

(B. B. Palermo)

domingo, 10 de outubro de 2021

Você tá carente é de sexo

 

Risquei o fósforo,

acendi o incenso de Alecrim

e falei pras garotas do seu uso

pra saúde do corpo e do espírito

por povos antigos.

Não ligaram,

só queriam ouvir

suas baladas.

Deviam estar apaixonadas por uns boyzinhos

ou traficantes de loló.

Quis palestrar sobre especiarias,

seus sabores e tals, mas desisti,

o alcance do faro delas

não passava de um flato.

Insisti na importância de ampliarmos

nossa percepção estética,

mostrando-lhes uma imitação

de um quadro Picasso

pendurado na parede da sala,

repleto de pó e de esquecimento.

Depois de outra dose,

disse-lhes que os uivos dos cães

nessas tardinhas de outubro

tinham um significado especial,

e poderíamos captar,

desde que soassem como um Mozart

em nossos ouvidos.

Permaneceram indiferentes.

Nada de gestos ou murmúrios,

nem ao menos alguns SINS suspirados

pelo piloto automático.

 

Estou encurralado.

Lembro do que o velho Buk me disse

numa noite de muitas doses

e baixo astral:

Cadelão, tua sensibilidade

diante das misérias desse mundo

vale menos do que uma cesta básica,

vale menos do que 10 litros de gasolina,

vale menos do que um frango assado

comprado aos domingos.

Não perca tempo tentando captar

as sutilezas do que acontece ao redor.

Há tantas outras seduções

cruzando teu caminho:

troca de casais em clubes de swings,

o prazer compartilhado e renovado,

traições, desejos de vingança,

tiros na cabeça, corpos esquartejados

encontrados dentro de malas

em valas nas periferias das cidades.

Ora bolas!

Você quer se afastar de tamanha adrenalina

pra se agarrar a um sentimento estético do mundo?

Meu velho, você tá é carente de amor!

Amor não! Você tá carente é de sexo,

muito sexo!

 

(B. B. Palermo)

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Não sei qual verdade nos salvará

 

Você se engaja

aos discursos das manadas

e se sente menos culpado

das cagadas

diárias.

Compartilha ideias que lhe agrada,

desde teorias conspiratórias

até as fake news 

mais "ingênuas",

e se sente poderoso,

um James Bond

ou Dom Juan

das redes sociais.

Junto a outros milhões

de desconhecidos,

você é um solitário anônimo,

mas alguns mecanismos

sacanas

que você não compreende

passam a sensação de que você

é o sujeito

da história.

Parece que tal bizarrice kafkiana

é fundamental pra não cairmos no abismo,

cometendo homicídios em massa

ou suicídios.

O que é certo é que tal coisarada vicia:

Netflix, Facebook, Whatsapp, Instagram

levam a comportamentos que parecem

com o do bêbado da esquina,

carente de álcool desde as primeiras horas

da manhã.

Estamos enredados em armadilhas.

Não sei se alguma verdade

nos salvará.

 

(B. B. Palermo)

 

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Agulha no palheiro

 Agulha no palheiro

é lugar comum,

agulha no palheiro
não leva a lugar nenhum.
Você busca a perfeição,
a garota incomum,
mas agulha no palheiro
é só lugar comum.
Ela disse que você não saca nada,
ela se afasta e você fica perdido
com esses amores complicados
e impossíveis.
É que você busca a perfeição,
a garota incomum,
mas agulha no palheiro
é só lugar comum.
Ela tem a unha bem feita
e o cabelo colorido
e você sai do jogo
porque busca a perfeição...
Você busca a perfeição,
a garota incomum,
mas agulha no palheiro
é só lugar comum.
(B. B. Palermo)

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...