domingo, 16 de outubro de 2022

Plantinhas

 

Beiço, o sumido mais estranho que eu conheço,

bateu aqui em casa esses dias.

Abriu o porta-malas do Corcel II e foi despejando sacos

com uma mistura de areia, terra e composto orgânico,

e potes, bacias, garrafas plásticas

e uma garrafa de uísque vagabundo.

- Cadelão...

- O que manda, desgraçado?

- Cara, descobri minha terapia.

Farei como tu, príncipe vagabundo,

plantarei e criarei meus mantimentos.

- Vai com calma. Ando numa ressaca braba,

como podes ver. Por ora, só localizo

uns tomates bichados em minha horta.

Beiço, Beiço, de terapia tu já tem milhões

de quilômetros rodados, inclusive no CAPS.

Agora tu me vem com esse papo de sustentabilidade?

Ficou insano?

- Não, Cadelão, é sério, vamos criar o novo estoicismo

e faturar muita grana!

- Desconfiava que tu logo viria com mais um plano mirabolante,

tipo fazer palestras e tals pra enriquecer.

Mas, cretininho, não tenho a menor vontade de palestrar

pra um bando de bobocas que se deixam enfeitiçar

e se alimentam da autoajuda.

Vá pro inferno com esse "novo estoicismo".

Minhas plantinhas não têm preço!

- Véio, é a nossa chance!

- Sim, sim, como daquela vez que raspamos a cabeça

e vestimos um "traje" budista e saímos a palestrar

sobre nossa experiência de um ano meditando no Himalaia.

lembra, maluco?

- Bah, cara, foi uma boa ideia.

Pena aquele bêbado sentado nos fundos de um auditório

ter nos reconhecido.

- Relaxa, garoto. Vamos beber!

 

(B. B. Beiço)


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...