terça-feira, 4 de julho de 2023

Tenha juízo, Marco Aurélio!

 


À noitinha, no bar número 4 ou 5, sei lá, 

Marcão contava detalhadamente o estresse 

que tivera no trânsito.

11 da manhã, seguia pela avenida em direção ao primeiro bar, 

na preferencial, quando foi fechado

por um babaca que dirigia um furgão.

A ousadia do sujeito sacudiu seu senso de justiça:

O mundo está uma bosta por causa desses imbecis!

De súbito baixou o espírito de dom Quixote,

e o garoto de vida tranquila de quem mora numa praia sossegada

foi jogado num canto e entrou em cena um justiceiro de 70 anos.

Marcão pirou ao lembrar das crianças indefesas

nas ruas, nas creches, nos lares desestruturados,

suscetíveis de serem torturadas por uns monstros.


Ação, muita ação.

Acelerou numa terceira,

ultrapassou o cara,

diminuiu a velocidade do carro

e fez peripécias, provocando o sujeito...


Todos no bar, ouvindo sua narrativa,

ficamos preocupados.

Caralho, imagina se o cara do furgão tivesse uma arma.

Poeta Cadelão como sou, pensei 

Uau! Até que enfim surge diante dos olhos 

um garoto pirado,

agindo mais pelo instinto e pela emoção 

e menos pela razão!

Estou de saco cheio dessa gentalha certinha,

os mesmos papos, a velha rotina 

e nenhuma imaginação.


Foi quando o Zé tomou a palavra:

- Marco Aurélio, seja menos egoísta.

Tu já tem 70 anos!

Tu precisa se preocupar com a vida dos outros.

Numa linguagem afiada, Marcão devolveu:

- Zé, nem vem, seu fdp, não me importo se morrer hoje.

- Não, tu carregava uma vida preciosa,

o Júnior, teu Pinscher, estava no banco detrás do carro,

e nem estava na cadeirinha!

- Eu tava sozinho, Zé, vai tomar no c*!

O Júnior tomava banho no pet shop!


Disse isso, entrou no carro 

e colocou um Rolling Stones 

pra tocar a todo volume 

e saiu cantando pneu.


(B. B. Palermo)

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