quarta-feira, 20 de março de 2019

Um dente de ouro




O Cara! recebeu umas visitas ilustres e a tarde ia pelo meio. Descendente de italianos, gosta de agradar, servindo aos amigos uma mesa farta. Então ele foi à padaria e comprou coxinhas, pasteizinhos, risoles, croquetes, etc., etc.
Duas garotas, a caixa e a empacotadora, sorriram e ele sorriu e sacou que o momento merecia um brinde e então apanhou três balas de um estojo, que parecia uma grande taça de plástico próxima à caixa registradora, e ofereceu uma a cada garota.
Assim que se viu na rua, levou sua bala à boca. Tinha sabor de torta de limão. Uma delícia. Não era muito dura, mas grudaria nos dentes se mordesse em vez de chupar. É por isso que eu sempre repito: desfrute o doce, sinta o seu sabor, se você mastigar sem prestar atenção ele logo vai sumir sem ser apreciado.
Ainda bem que o Cara! não mordeu aquela bala com voracidade, porque daí a pouco notou algo estranho, metálico, roçando e tilintando em seus dentes.
Ficou espantado. Apanhou aquela massa contendo em seu interior um objeto duro e indignou-se... Era um dente!
Deu uma cusparada contra o muro, enrolou aquele dente na casca da bala, verificando sua marca.
Estava a uns cinquenta metros da padaria. Furioso, retornou. As atendentes, as pessoas na fila, todos precisavam saber do fato gravíssimo. Como um dente foi parar no meio de uma simples bala?
Uma garota que estava na fila ficou admirada. "Nossa, parece que ele é de ouro!".
O Cara! pediu outra bala de brinde, disse que cogitava processar o fabricante. Tinha um amigo advogado, o Silveirinha, especialista em enfiar no rabo dessas empresas irresponsáveis volumosas indenizações por danos morais.
Para distensionar um pouco o ambiente, disse à empacotadora, jovem e bonita e simpática, que aquilo era nojento.
A garota sorriu amarelado e confirmou. "Sim, isso é muito nojento".

Tomou o rumo de casa chupando cuidadosamente a bala que agora tomava o céu de sua boca. Tentou não pensar no sabor, pra não ter vontade de vomitar. Assim que dobrou a esquina, passou a língua na parte debaixo e do lado esquerdo da boca e notou que havia um buraco estranho.

(B. B. Palermo)

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...