segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Um Cão Apenas - Cecília Meireles

Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do jardim — plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no granito —, eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal do pórtico, um cãozinho triste interrompe o seu sono, levanta a cabeça e fita-me. E um triste cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas, as mechas brancas do pêlo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrima que há nos olhos das pessoas muito idosas. Com um grande esforço, acaba de levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz ali, eu não devia ter chegado. Já que lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem esquecer, enquanto dormem...
Ele, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-se com a dificuldade dos enfermos graves: acomodando as patas da frente, o resto do corpo, sempre com os olhos em mim, como à espera de uma palavra ou de um gesto. Mas eu não o queria vexar nem oprimir. Gostaria de ocupar-me dele: chamar alguém, pedir-lhe que o examinasse, que receitasse, encaminhá-lo para um tratamento... Mas tudo é longe, meu Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar. E ele estava na minha frente, inábil, como envergonhado de se achar tão sujo e doente, com o envelhecido olhar numa espécie de súplica.
Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu coração. Até o fim da vida sentirei esta humana infelicidade de nem sempre poder socorrer, neste complexo mundo dos homens.
Então, o triste cãozinho reuniu todas as suas forças, atravessou o patamar, sem nenhuma dúvida sobre o caminho, como se fosse um visitante habitual, e começou a descer as escadas e as suas rampas, com as plantas em flor de cada lado, as borboletas incertas, salpicos de luz no granito, até o limiar da entrada. Passou por entre as grades do portão, prosseguiu para o lado esquerdo, desapareceu.
Ele ia descendo como um velhinho andrajoso, esfarrapado, de cabeça baixa, sem firmeza e sem destino. Era, no entanto, uma forma de vida. Uma criatura deste mundo de criaturas inumeráveis. Esteve ao meu alcance, talvez tivesse fome e sede: e eu nada fiz por ele; amei-o, apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão concreta. Deixei-o partir, assim, humilhado, e tão digno, no entanto; como alguém que respeitosamente pede desculpas de ter ocupado um lugar que não era o seu.
Depois pensei que nós todos somos, um dia, esse cãozinho triste, à sombra de uma porta. E há o dono da casa e a escada que descemos, e a dignidade final da solidão.

(Do livro Quatro Vozes, Editora Record.).

domingo, 11 de novembro de 2018

Laos: eu me preocupo com quem não lê - Fernanda Pandolfi


Deixa eu contar aqui: meu português não é bom. Não é. Sei pouco das regras. Crase? Odeio. Os porquês? Nenhum sentido. Concordância: bastante dificuldade. Esse texto que você lê agora está bonitinho porque a Gabriele Branco revisa ele para nós. Mexe aqui e ali e puxa minhas orelhas quando passo muito do limite. Mas aí você diz: ah, vá, conta outra. Como pode ter o português ruim e querer ser escritora? Como pode dizer que sabe nada e ter feito 23 acertos das 25 questões na prova de português da UFRGS? Lógica, meus amigos. A simples lógica. Quando aluna, eu não entendia como meus colegas podiam ter tanta dificuldade na matéria. Para mim, era evidente. Eu lia a frase, às vezes em voz alta, e entendia se fazia sentido ou não. Se encaixava. Interpretação, então? Puts, parecia zoeira. Só lia obviedades.
É um resultado da infância. Dos livros de pano que eu brincava na banheira ainda sem saber ler. Do “Uma História por Dia” que os meus pais liam todos os dias antes de eu dormir. Minha vó conta que por vezes, tarde da noite, ela cansada, tentava pular as páginas ou resumir o trecho do livro, mas não me enganava: “Tá errado, vó, volta!”. Era quase um jogral, tamanha minha ansiedade em entender as letras de uma vez por toda. Não fui prodígio, aprendi o bê-á-bá no tempo normal. E me agarrei às páginas que se abriam à minha frente. Às revistinhas da Turma da Mônica que chegavam mensalmente lá em casa e eu economizava para não devorar tudo na mesma tarde. Às coleções do Erico Verissimo, Monteiro Lobato e aos contos de fada que se empoleiravam na estante. E aí, numa crescente para Pedro Bandeira, Os Karas, a biblioteca da escola, Agatha Christie, Sidney Sheldon, e até as leituras obrigatórias de sala de aula – que à época eram chatas para caramba, mas eu encarava até o final, mesmo sem entender bulhufas (tchê, recomendem livros com temas que interessem aos pré-adolescentes). Foi assim que eu aprendi Português. Assimilei. Tipo os números de vocês.
Eu lia e via se o negócio era coerente ou não. As regras ficaram para depois.
Então vocês imaginam o meu choque ao me deparar com um país que ocupa a posição de número 18 dos lugares com menos acesso à literatura do mundo. O Laos. O dado atual mostra que pouco mais da metade da população vai à escola (61%) e, dessa parcela, a maioria só teve acesso aos livros didáticos ou textos entregues no colégio. Vamos calcular o quê? Menos de um quarto da sociedade pegou, cheirou, apreciou, folheou, dobrou uma orelha de burro para marcar uma página, sublinhou com caneta marca-texto, deixou para terminar o capítulo no outro dia. A experiência da literatura segue um desafio para o país. Livros são artigos raros, quanto mais livrarias e bibliotecas. Outra questão é pertinente: como consequência, quase não há autores na língua local. Quando os laosianos leem, recorrem à língua inglesa ou francesa. Ou seja, há também uma forte campanha em prol do ensino destes idiomas na região. Difícil.
Eu me preocupo com quem não lê. Não só pela questão do português, ou da gramática da língua que for. Livros são companhia, fuga, fantasia, miragem, poesia, amor, saudade, insights. Nestes seis meses na estrada, li uma média de um título a cada 10 dias. Se estou triste, então, mergulho de ponta-cabeça nos personagens, nas frases, naquele universo ali encadernado. Sou capaz de ficar horas presa no quarto do hotel, imersa, fechada, transportada. Quando terminei a saga de “A Amiga Genial”, de Elena Ferrante, no Camboja, senti que um pedaço meu tinha ficado preso naquelas páginas, fiquei sozinha. Que loucura, né? Aí que me refiro. Por isso me preocupo. Tenho a impressão de que quem não consegue se conectar a um livro tem dificuldade de viajar. Não se permite criar, entrar em devaneios, imaginar pessoas, cenários e contextos.
Livros dão ideias. Por isso foram queimados em diversos países enquanto na repressão ou ditadura. Propagam magia. Bruxaria, mesmo.
Tenho sorte, por exemplo, de ter criado um Harry Potter bem diferente de Daniel Radcliffe na minha mente. Ninguém precisou me induzir a visualizar o personagem. Eu consegui desenhar ele na minha imaginação, com a ajuda de J. K. Rowling, óbvio, bem antes do cinema. Sei de quem tenha aliviado a depressão atrás das letras e frases bem formuladas. Eu uso o meio como remédio contra a solidão, o tédio, a insônia, a falta de inspiração. Por isso temo pelas crianças do Laos e penso o quanto aquela vida dura de um lugar carente de tanto poderia ser aliviada, em partes, por um emaranhado de sílabas. Talvez seja ingenuidade minha, mas me parece um antídoto simples para o veneno da realidade.
E você aí, não lê porque sim. “Não gosto”. A gente só não gosta do que não entende. “Não tenho tempo”. Mas passa horas jogando Candy Crush. “Tenho dificuldade de concentração”. Troca o livro ou o ambiente, provavelmente, você não se identificou. “Não quero”. Ok, aí estamos conversando. Entendo que existam outras prioridades, outros caminhos e aquela preguiça de imaginar. Dá um trabalhão invocar a criatividade e colocar o pé para fora do quadrado, mais econômico assistir séries em série. Mas, vem cá, se sobrar um tempo, manda os teus livros empoeirados para L’Etranger Books and Tea: P.O Box 148, Luang Prabang, Laos, 06000, e dê a chance para uma população carente de sonhar.

Outras maneiras de ajudar o Laos a ler:

Big Brother Mouse: O projeto já publicou cerca de 30 livros, a maioria por crianças que são treinadas por professores voluntários. Qualquer doação é bem-vinda – você pode também “patrocinar” um livro.
The Language Project: Auxilia as crianças a aprender inglês e monta bibliotecas em escolas e templos para incentivar a literatura. A maneira de ajudar é doar milhas áreas para bombar a lista de livros do projeto no Amazon.com.
(Zero Hora/revista Donna, 10 e 11 de novembro de 2018)

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A princesa e o pirata – Rachel de Queiroz



FOI só alguns dias depois do fatal piquenique em Paquetá que eles dois apareceram. A maré trouxe primeiro o corpo da moça, logo identificado por causa do maiô de sarongue, todo de flores amarelas. O dele apareceu mais tarde, a uns cem metros de distância. Coitado, nem então ficaram juntos. Identificar não o identificaram propriamente, que não dava para isso, tal o estrago feito pelos peixes. Mas se quase de par com o corpo dela outro corpo aparecia, tinha que ser o dele, pois não? No fim das contas, não se dera pela falta de mais ninguém, só daquele casal.

A primeira vez que a viu foi no baile da primavera, no seu clube de subúrbio. Estavam elegendo a rainha do mês de maio, ela corria na frente do páreo. Afinal, se rainha não saiu, por causa de uma dúzia de votos, saiu contudo princesa, teve seu trono de veludo ao lado do trono maior, também ganhou brinde e também foi coroada. Ele teve a honra de ser o seu par na hora da valsa real, que foi, como sempre, o Danúbio Azul. E quando a sentiu nos braços, apertou-a como coisa sua e lhe disse no ouvido:
- Pode você só ter chegado a princesa, e nem isso carecia de ser: para mim há de ser sempre uma rainha...
Ela porém o afastou de si, não zangada, mas dengosa, se ofendendo:
- Não atraca, seu pirata, que isto aqui não é cais do porto.
Talvez falasse assim, linguagem marítima, em homenagem à farda que ele vestia: a túnica cor de sangue, a calça branca engomada, e o casquete matador, posto de lado no cabelo repartido, com as fitinhas pretas tremulando no ar, aos rodopios da valsa. E nem o par da rainha, o presidente do clube, tinha um décimo sequer do airoso aprumo do par da princesa, - tudo de acordo com a ordenança militar: barriga para dentro, peito saliente e olhar terrível.

Com tudo isso, não foi dessa vez que a começou a amar e seu cativo se tornou, como se a ela pertencesse de tinta e papel.
Foi no outro dia em que estava sentado à toa no banco da praça e viu descendo do bonde um par de sapatos desses que chamam de ballet, e umas pernas de garrafa, e o joelho redondo, e a barra da saia estampada. Só então levantou os olhos, viu-lhe a face e o lenço do cabelo, viu os olhos e viu-lhe os brincos de arrecadas à portuguesa. E a boca tão pintada, que parecia uma flor de papel pregada no meio do rosto, e o pescoço delgado saindo do laço da gola, e a cinturinha fina apertada no cinto de oleado. Por fim, deixou de a olhar assim, pedaço por pedaço, reconhecendo aquela cintura onde pusera a mão, os olhos e o cabelo: fitou-a em conjunto e logo recordou quem era. Quem seria senão a princesa do mês de maio?
E ao reconhecê-la assim, foi como um cachorro de rua que encontra a dona e não quer mais se apartar dela. Chegou para perto e se entregou. Disse tudo, ofereceu tudo. Princesa tão perigosa há muitos anos não havia. Por ela diz-que dois malandros já se pegaram a navalha, um chofer se suicidou com formicida, um pai de família largou a família, três noivos deixaram as noivas, cinco estudantes sentaram na praça e sete funcionários públicos deram desfalque.
- E eu – que poderá fazer o triste de mim, princesa, que sou apenas um pobre naval apaixonado? Me matar não posso, porque do vosso amor já morri. Matar outros – mas antes que deles eu chegue perto, sei que o vosso olhar os matou. Sentar praça já sentei; dar desfalque – como seria, se a mim não confiam nada? Largar família – ai de mim, princesa, que me criei enjeitado, nunca tive esposa ou noiva; vós é que sereis minha gente e meus amores, pai e mãe que nunca tive, filhos, sobrinhos e netos! Princesa, deixe que eu amarre o cordãozinho do vosso sapato. Deixe que eu deite no chão para você pisar. Maltrata, princesa, maltrata, que estás maltratando o que é teu!
Assim falava o naval apaixonado. A princesa, se o escutava, fingia que estava longe. E a bem dizer fez tudo que ele mandava e depois fez muito mais: pisou, judiou, escarneceu, desprezou – embora só moralmente, com o sorriso desdenhoso e a palavra de pouco caso dita na ponta do beiço.
Como seu, só o aceitava para maltratar, com outros saía, com outros dançava. Ele porém não a largava, sempre a acompanhando, sempre a alguns passos no seu rastro, e se não o comparo com uma sombra é porque sombra não sofre e o pobre sofria muito.

Afinal sucedeu o piquenique em Paquetá. Nem uma vez ela o olhou durante a hora e meia da barca. Nem uma vez lhe falou entre embarque e desembarque, e o passeio de bicicleta e depois o banho de mar. Mas foi na hora do banho de mar que ele sumiu de repente e voltou minutos depois remando numa canoa. Passou bordejando por ela, que boiava na flor da água como uma alga amarela no seu maiô de cetim. Como se brincasse, ofereceu carona. E ela, num capricho, aceitou. Quase virou o bote ao subir nele. Ele ficou na popa onde estava e não a tocou sequer, procurando ajudar. Depois puxou pelo remo, e a pequena embarcação se escondeu por trás da Pedra da Moreninha.
O que se passou naquele barco só Deus saberá. Os companheiros foram dar pela falta dos dois quando desceram da barca da Cantareira. E assim mesmo pensaram que o par tinha se sumido de propósito no meio da multidão.
O homem do restaurante em Paquetá é que estranhou o seu bote aparecer emborcado. E como se disse no princípio, só depois de vários dias é que os peixes e a maré devolveram os dois banhistas.

(Do livro Quatro vozes. Editora Record.).

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Nos tempos em que se tem opinião pra tudo


Arte do chá - Paulo Leminski

ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo

domingo, 4 de novembro de 2018

Um dia qualquer no centro da cidade


O cara na praça faz exercícios físicos naqueles 
aparelhos de merda que as crianças 
fazem de conta que são brinquedos.
Aparelhos estranhos, sujeito estranho.
Fita-me desconfiado, deve estar sabendo 
das cagadas que fiz,
nada tão significativo como acordos nucleares.
Logo adiante avisto uma barraca do SENAC
e uma garota me observa e sorri  
e propõe fazer meu teste vocacional.
Os cabelos e os lábios e os dentes e 
as sobrancelhas sintetizam anos de leituras de horóscopos, 
décadas de tentativas e erros
em busca da resposta sobre o meu destino.
Ai ai ai, o mundo é pequeno, o planeta dá voltas,
vem vindo uma senhora que comi anos atrás.
Vacilo, tento virar o rosto e ela não me reconhece.
Seus pés enormes são duas bocas de serpente
que ameaçam na minha direção.
Intriga dos deuses.
Os ponteiros do relógio digital fazem sua parte e
tudo volta ao normal quando passa um vendedor
com aquele carrinho tapado de cobertores e casacos de lã,
as rodinhas entoam poemas tristes, 
Hoje eu vou vender,
eu hoje hoje eu vou.

(B. B. Palermo)

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Flores, moedas, mortos e muito lixo


O bêbado do meu bairro mudou de estratégia
para conseguir algumas moedas para comprar cachaça.
Ontem trouxe uma planta para que eu cultivasse no quintal.
Era uma dessas flores, parecida com copo-de-leite.
Não cultivo flores, apenas algumas hortaliças.
Alcancei-lhe umas moedas e pedi que desse a planta a algum vizinho.
Hoje trouxe uma planta florida.
Deve ter arrancado do jardim de sua mãe.
Estava sem moedas, não abri a porta,
fiz de conta que não estava em casa.
A mãe frequenta a igreja regularmente e mantém as oferendas em dia.
Mães foram feitas para amar e sofrer.
Não é por acaso tantas orações e promessas.
Se ele esqueceu de botar a tampa no tubo do creme dental,
ela vai ao banheiro e o faz.
Nas semanas de abstinência devido ao uso do álcool,
e da insônia que bate à porta,
ela compartilha com o filho tarjas pretas e noites mal dormidas e
redobra visitas à igreja.
O filho, alto, seco, rosto sofrido, tem uns trinta anos e
aparenta ter uns sessenta.
Insetos do bairro alardeiam, mais indiferentes do que tristes,
que ele não passa desse ano.
Eles acreditam que o sujeito não deu certo nesse mundo.
Ao contrário, eles são os tais, com seu trabalho e esposa e amante e
novela e rotina cheia de crenças e pobre de novidades.

À tardinha abro a porta, vou à padaria buscar queijo e pães.
Havia uma planta no degrau da porta da frente.
Devo ser pouco espirituoso, mesmo assim um frio
atravessou-me por todos os quadrantes.
Percebi que as plantas que ele trouxe são as mesmas que parentes e
familiares e amigos levam para os mortos,
no feriado de Dois de Novembro.
O bêbado do bairro e sua mãe e o maluco que aqui escreve e
todos vocês circulamos pelas vias de um imenso formigueiro.
Não sei se os insetos que me rodeiam se perguntam sobre
quem estará presente daqui a alguns anos.
Como e o que estaremos fazendo?
Isso é o de menos.
O mais importante, para este inseto que vos fala,
é que a banana e a cebola e as peras e as batatas e o peito de frango e
o coxão de fora e a cerveja que bebo estão em promoção no Big mercado.
Enquanto o bêbado do bairro traz plantas para trocar por moedas para trocar por cachaça,
toda a biodiversidade que nos rodeia recebe nosso lixo diário.
Movimento desigual. Damos menos do que recebemos.
Quem sabe o sentido de nossas vidas, interagindo com a natureza,
seja produzir lixo, muito lixo.
Eis nossa missão número um.
E o álcool é mais uma válvula de escape para suportarmos o
fato de estarmos sufocados por esse lixo que produzimos.

(B. B. Palermo)

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...