O
cara na praça faz exercícios físicos naqueles
aparelhos de merda que as crianças
aparelhos de merda que as crianças
fazem de conta que são brinquedos.
Aparelhos
estranhos, sujeito estranho.
Fita-me
desconfiado, deve estar sabendo
das cagadas que fiz,
das cagadas que fiz,
nada
tão significativo como acordos nucleares.
Logo
adiante avisto uma barraca do SENAC
e
uma garota me observa e sorri
e
propõe fazer meu teste vocacional.
Os
cabelos e os lábios e os dentes e
as sobrancelhas sintetizam anos de leituras de horóscopos,
as sobrancelhas sintetizam anos de leituras de horóscopos,
décadas de tentativas e erros
em
busca da resposta sobre o meu destino.
Ai ai ai,
o mundo é pequeno, o planeta dá voltas,
vem
vindo uma senhora que comi anos atrás.
Vacilo,
tento virar o rosto e ela não me reconhece.
Seus
pés enormes são duas bocas de serpente
que
ameaçam na minha direção.
Intriga
dos deuses.
Os
ponteiros do relógio digital fazem sua parte e
tudo
volta ao normal quando passa um vendedor
com
aquele carrinho tapado de cobertores e casacos de lã,
as
rodinhas entoam poemas tristes,
Hoje eu vou vender,
Hoje eu vou vender,
eu
hoje hoje eu vou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário