terça-feira, 4 de abril de 2017

Quando ela chegar


Quando chegar aos quinze anos você vai perceber que os lindos tênis de marca resultaram de meia dúzia de suadas prestações.
Que os pais, tios e outros amigos, nas reuniões de domingo, bebem bebem e repetem as velhas histórias.
Aos quinze anos, além dos hormônios e dos conflitos monstruosos, notarás que a tua é apenas a primeira adolescência. Quarentões, cinquentões, etecétera e tal deparar-se-ão com adolescências tardias. Aquele tio ganhou da esposa uma bateria. Instrumento dos sonhos quando tinha doze, treze anos. A tia fulana foi a uma viagem a Machu Picchu com seu mais novo namorado, vinte anos mais jovem. E tua mãe, para dar o troco à insensibilidade de teu pai e para sublimar o vazio da separação, vai às baladas e se comporta como as garotinhas que estão próximas de frequentar a universidade.
Ora, tudo isso não é lindo?
Quem sabe seja isso o que te aguarda no futuro. E por que não?
Você, com a carga explosiva e oscilante de alegrias e tristezas, amor, ódio e raiva, muitas vezes vai se sentir abandonada na infância e velhice dessa tumultuada fase. Muita água vai evaporar e muita dor vais sentir até reaprender a engatinhar. E chegará a hora em que não haverá o abraço carinhoso de teus progenitores. Não serás mais a fadinha, participarás de um filme de terror, dirás adeus àquela doce criança.
Sim. Terás que pular da cama contrariada. Não tem volta.
Vestirás a armadura de mulher adulta.


(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)

Novo homem!

  Grãos de areia interditaram meus olhos nesta quarta-feira de tarde, bastou umas calcinhas no varal tomarem banho de sol e ousarem ...