domingo, 18 de janeiro de 2009

MARIA


filme - Pequena Miss Sunschine


As esquinas são democráticas. Observam os encontros, com sua discrição habitual. Aqueles motoristas apressados nada vêem, para eles é pequeno demais o intervalo de um sinal verde e outro. Ou se distraem, pressionados pelo horário, ou aguardam, prestam atenção na música que toca, e espiam os visinhos.

Olhares que se trocam. Lance de sorte, acaso, uma “força” maior. Por toda a parte o normal é a morte, a guerra, os nascimentos, o Big-bang.

Burburinhos no palco, canhões de luzes coloridas se espalham. Maria desperta de seu vaivém. Nenhuma sombra de amor nos seus dedos, cobrança demais no trabalho, status que a sugam unhas e dentes.

Clube, piscina, academia, cabeleireiro. Sinal vermelho, e Maria põe-se a pensar, e seu olhar me percebe ao seu lado. Os encontros não podem se aquietar nos burburinhos das esquinas. Uma caneta no porta-luvas. Até que enfim ela se presta para salvar o amor!

Te conheço de algum lugar! Olhos brilham e se movimentam como canhões de luz. As cortinas do vidro do carro se abaixam. Vislumbra-se a paisagem do “por que não?”.

Maria vacila, pondera, põe-se a trabalhar sua razão. Anotou meu telefone na palma da mão. Aquele lugar onde a cartomante, certo dia, percorreu a linha de sua vida e previu vida longa cheia de saúde paz e amor.

Minutos depois se reconforta no seu canto, na cadeira macia e no ar condicionado do escritório. Maria se inquieta e pondera: Metido, quis de imediato meu telefone! Não passa de um Don Juan!

Sinais verdes, amarelos e vermelhos tantas vezes se revezam, e as luzes dos canhões dos olhos do pretendente ficam para trás.

Cotidiano seguro, trabalho, amigos, status, assim a vida segue de bom tamanho.

Toda Lorena

  Olhava pro fogo mágico do entardecer, que mais parecia uma lareira mandando bem em viagens noutras esferas. Me encanto ao ver minha musa p...