Olhava pro fogo mágico do entardecer,
que mais parecia uma lareira mandando bem
em viagens noutras esferas.
toda serena,
e na pegada do dia toda Lorena,
ariana sem papas na língua,
fogueiras acesas por todos os poros,
prática e desenrolada - e dúzias de atributos
que me fazem sonhar.
Caminha bem à frente, e eu faço de tudo pra alcançá-la.
Dia após dia ela ri
da minha fúria poética,
e nossos tempos ficam dançando.
Diz que minha chama precisa superar o álcool.
Bom garoto - não nego.
Talvez adore isso. Ou não.
Sou um poeta torto, e sei
que minha desimportância é risível,
mas pra minha teimosia é a coisa mais importante
do mundo.
Fujo das multidões:
O cara que se imagina muito comentado
e pouco compreendido,
como a Bíblia.
É pena nossa rotina
não virar novela.
Queria falar da vida mágica nas ruas do Texas,
areia esbranquiçada, grama verdinha,
a primavera chegando -
mas meu bem me empurra
pro abismo da realidade,
contando moedas
no fim do mês.
Mesmo assim fico doido
pra descrever o entardecer avermelhado,
a lua cheia no cenário,
até ela lembrar que tais cores
vêm das queimadas no Centro-Oeste.
Como não amá-la,
se é ela quem me diz
que poesia não paga as contas,
mas ajuda a esquecê-las?
(B. B. Palermo)