segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Toda Lorena

 


Olhava pro fogo mágico do entardecer,
que mais parecia uma lareira mandando bem
em viagens noutras esferas.
Me encanto ao ver minha musa pela manhã
toda serena,
e na pegada do dia toda Lorena,
ariana sem papas na língua,
fogueiras acesas por todos os poros,
prática e desenrolada - e dúzias de atributos
que me fazem sonhar.
Caminha bem à frente, e eu faço de tudo pra alcançá-la.
Dia após dia ela ri
da minha fúria poética,
e nossos tempos ficam dançando.
Diz que minha chama precisa superar o álcool.
Bom garoto - não nego.
Talvez adore isso. Ou não.
Sou um poeta torto, e sei
que minha desimportância é risível,
mas pra minha teimosia é a coisa mais importante
do mundo.
Fujo das multidões:
O cara que se imagina muito comentado
e pouco compreendido,
como a Bíblia.
É pena nossa rotina
não virar novela.
Queria falar da vida mágica nas ruas do Texas,
areia esbranquiçada, grama verdinha,
a primavera chegando -
mas meu bem me empurra
pro abismo da realidade,
contando moedas
no fim do mês.
Mesmo assim fico doido
pra descrever o entardecer avermelhado,
a lua cheia no cenário,
até ela lembrar que tais cores
vêm das queimadas no Centro-Oeste.
Como não amá-la,
se é ela quem me diz
que poesia não paga as contas,
mas ajuda a esquecê-las?
(B. B. Palermo)

Toda Lorena

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