segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A selfie perfeita


Desejo a selfie perfeita, a imagem divina que vai agitar o seu mundo.
Não sei em que lugar gatas exibem seus aparelhos, se estão na balada ou no jardim da praça.
Quero ser capturado por aqueles dedos e sentimentos ágeis.
Quero ter para mim seu tempo sagrado.
Quero amansar sua obsessão pelas fofocas das redes sociais.
Minha performance nesse palco precisa abrir as cortinas de suas varandas.
Mas, confortavelmente sentadas, elas passeiam por outras nuvens virtuais.
Perco meu tempo. Desperdiço minha energia com a imagem que quero mostrar para os outros. Outros fazem o mesmo. Todos fazem o mesmo cálculo, todos decoram a mesma canção.
Admitamos. Vivemos um desfile de egos. E ninguém liga para ninguém. Pelo menos até aqueles dias de insônia que amanhecem sombrios.

(Teco, o poeta sonhador)

sábado, 25 de agosto de 2018

Tudo sempre igual

Abro o jornal, fico sem graça com a coluna policial. Tudo sempre igual. Muita informação, tragédias, dilemas, nenhuma crônica ou poema.

Jornal não educa para a sensibilidade. Para vender, exagera no que ocorre de pior.
Jornal visa ao leitor indiferente, frio, que apenas repete fatos parecidos uns com os outros.
Papagaios atualizam para outros papagaios as desgraças do dia.
Sensibilidade nasce com a gente ou se educa? Sensacionalistas, nossos jornais querem vender. Educar exige tempo e esforço, e não dá lucro.
Papagaios alimentam papagaios. Uns, livres para narrar. Outros, engaiolados a escutar.
A coluna policial do jornal vira poema quando eu espremo e verte sangue. 

(Teco, o poeta sonhador)

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

No olho da paixão


Quando você aparece entro em curto.
luzes acendem e apagam, como se estivesse
cercado por viaturas policiais,
ou por um festival de vaga-lumes.

Palavras fogem, fogem os gestos,
basta experimentar o teu perfume.

Não encontro motivos pra resistir
ao teu sorriso. E isso me enlouquece,
e sofrer assim não compartilho.

Estou ansioso e indeciso.
Eu sei que há tanta coisa no mundo.
Mas é em você, só em você,
que ando preso.

Eis a pergunta que me faço toda manhã:
será que um dia me libertarei do olho da paixão?

(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Dança


As bailarinas do box do banheiro
dançam quando passo por lá.
Vivo a dança de amores 
- um toma lá dá cá.
E sempre danço.
(Teco, o poeta sonhador)

Novo homem!

  Grãos de areia interditaram meus olhos nesta quarta-feira de tarde, bastou umas calcinhas no varal tomarem banho de sol e ousarem ...