quinta-feira, 18 de junho de 2020

Não consigo decifrar tantas esfinges



A musa espalha o vírus
de sua beleza
nesse afã de colocar e tirar
máscaras.
Tarde percebi
que seus 40 e poucos anos
ganharam belos contornos
com tantos panos
cobrindo
boca e nariz.

Uma certa experiência
me deixou cético ao ver
essas garotas maduras
competirem com outras pequenas
- quase adolescentes.
Elas parecem comigo:
somos ridículos.
(O que importa
é que não sabemos
o quanto somos ridículos).

Aguardo que corram atrás,
e elas esperam que eu retorne
com o rabo entre as pernas,
o cara pra vida toda.
Cadelão não suportará
e tempos depois terá outro nome,
será chamado de "mais um erro".

Nem todas são chatas,
carentes,
lamuriosas
e grudentas.
Nem todas falam demais.

Sei que minhas chances
diminuem
a cada dia que passa,
sou metido a intelectual,
pouco macho,
cansado daquele jogo
de se fazer de difícil
pra ter uma princesinha mimada
rastejando a meus pés.

Sei que é estranho
dedicar meu tempo a observá-las
como se eu não tivesse defeitos.
Não é natural, eu sei,
achar que só elas são carentes,
navegando em mares agitados,
sempre procurando desvendar
a fantasia que é correr atrás
da grande glória,
que se chama "cacete".

Conheço apenas a superfície,
não consigo decifrar
tantas esfinges eróticas,
enquanto isso o trem vai passando
e sua porta está aberta.
Mas ainda não arrumei as malas.
Tenho medo de ficar
muito tempo sozinho.

(B. B. Palermo)

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