Parece que ando em círculos
e quase sempre escorrego
nuns lugares de luz fosca
e banheiros fétidos.
Me acostumei com garotas
de ventres poderosos,
sedentos de cerveja
e petiscos
e canções populares das rádios FM,
mas não me acostumei
com o coito interrompido.
No boteco, me perseguem
barriguinhas requintadas
e rabos bem vividos,
nada de juízos estéticos,
nada do corpo perfeito.
Elas batalharam o dia,
botaram pra quebrar
limpando as mansões da cidade
e agora me observam,
o animal estranho,
o bicho em extinção,
acuado pelo olhar dessas deusas
e que tem um puta trauma
do coito interrompido.
Eu sei que ando em círculos,
eu sei que bate uma ansiedade
que provoca mijadeiras
de madrugada.
Um bom motivo pra outra dose
é saber que as princesas
não estão nem aí
pras lanternas que iluminarão
nossos caminhos.
Faço brindes quando percebo
que elas não ficam putas
com os noticiários
espalhando o estrume
da política,
nem adoecem com o câncer
do poder
servido em bandejas de prata
pra chinelagem se empanturrar
e lambuzar.
Pra vocês confesso tudo:
o coito interrompido
me fez andar em círculos
e fodeu minha libido,
e com ele me acostumei
a amar essas garotas
de ventres estilosos
e rabos
bem vividos.
(B. B. Palermo)