quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Menos chocolate, Baby


Sim, estou preocupado com as queixas das garotas a respeito desses caras insensíveis que só querem ficar, presos ao seu orgasmo e prazer animal, fugindo de compromissos mais sérios. Também me sinto de coração partido, Baby, apesar de admitir que o meu coração, como o desses caras, é de galináceo. Mas não escrevo textos românticos para agradar, e até enganar, numa linguagem açucarada. Minha ilha não tem apenas paisagens deslumbrantes. Se a primeira imagem é de praia paradisíaca, no subsolo alastra-se o esgoto, que destroça corações e mentes.
Sim, se escrevesse bem poderia ser lido por multidões, publicando auto-ajuda. Mas não seria sincero, estaria em contradição com o que passa no íntimo.
Seria hipócrita se espalhasse aos quatro ventos (como o faz a multidão, nas redes sociais, por exemplo) o que é certo e errado, e endeusasse o "certo", quando no meu eu mais profundo agitam-se desejos e fantasias impublicáveis de tramas e traições, de banquetes e surubas.
Sou contraditório. Mas quem não é? Na primeira parte do dia, nas manhãs tranquilas, desejo abraçar todo mundo. Mas, compreendam-me, é impossível passar o dia todo em serena voltagem. E isso, vejam bem, que me afastei das páginas policiais e políticas dos jornais, sites, rádio e TV. 
Hora de buscar um pouco de glicose. 
Chocolate. 
Compreendam-me, não consigo suportar muitas horas do dia cantando em silêncio ou a plenos pulmões as mais românticas canções. Agitam-se pensamentos obscuros, energizados pela ira e a inveja.
Não, Baby. Nossa mente racional é apenas uma fatia do bolo. Depois de uma bebida, pílulas e outras drogas, teu verbo arromba as grades, como se fossem gaiolas de alumínio. E então, naturalmente, transformo-me num cafetão irado e você numa bela ninfeta super star do happy hour.


(Diário de B. B. Palermo)

Toda Lorena

  Olhava pro fogo mágico do entardecer, que mais parecia uma lareira mandando bem em viagens noutras esferas. Me encanto ao ver minha musa p...