quarta-feira, 13 de junho de 2018

Sonhos são...


Sonhos são enchentes ou incêndios, compromissos em que chego atrasado, são meus desejos não correspondidos por aqueles pequenos NÃOS cotidianos. Imagens simples, talvez gravadas no inconsciente, desde a infância, como não me deixarem pegar a isca e colocar no anzol, me afastarem dos caniços e outras ferramentas que me dariam imensa satisfação, ainda mais quando grandes peixes e águas turvas e agitadas desfilam diante dos meus olhos e riem da minha impotência.
O final, o despertar, é de espanto, quando não de uma certa tristeza.
Durante o dia eu sei que devo anotar o que sonho e me esforçar para encontrar neles uma lógica, um roteiro, um início e meio e fim.
Ao sonhar corro atrás do que me falta, e a grande quantidade de cenas me envolvem como um indefeso fantoche, jogado pra cá e pra lá em meio ao fluxo do mundo.
Isso tudo tem um lado divertido. Corro até o Google e consulto sites de interpretação dos sonhos. Das cenas que me lembro, ontem sonhei com fogo, água e peixes. É reconfortante rifar algumas explicações que são dadas aos sonhos. Por exemplo, peixe: “Se o peixe estiver vivo, você terá boas notícias, no tocante a melhorias financeiras e à mudança de residência”. Fogo: “Ver: sorte no jogo, tanto maior quanto intenso for o fogo”. (Como o incêndio do meu sonho foi mais ou menos, hoje vou jogar um valor mais ou menos no Bicho, na cabeça e na centena e no milhar). Água: “Limpeza, purificação, corpo e espírito sendo descarregados. Água corrente: todo o mal está sendo levado para longe”.
Bem que tudo isso poderia funcionar, literalmente, em nossa vida, sim, mesmo para um palerma que passa o dia sentado dando milho aos pombos.
E tem um outro lado, agora um pouco mais trágico. Ao tentar ordenar essas imagens todas é importante rir de si mesmo, sentir-se parente de Dom Quixote, um sujeito meio mentecapto, senil e a dois passos do hospício.

(B. B. Palermo)

Novo homem!

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