quarta-feira, 3 de julho de 2024

Milagres

 

Tudo é possível e permitido e assombroso

e me sinto vivo,

identificando outras notas musicais e etílicas

até vislumbrar, vejam bem, o milagre:

boa parte da vida acelerando feito doido

e agora, patético, bebo

com moderação.

Os postes de iluminação já não despencam

e não me assustam, e juntos – eu, o lixeiro,

os andarilhos e os cães – amanhecemos

comuns.

Vejam bem, garotos, o mundo de possibilidades

que se abre; ou, talvez, seja o começo do fim.

Temos as missas nas manhãs de domingo

e os passes no centro espírita,

até para justificar e acariciar

as recaídas.


Não estou sozinho.

Nuvens acenam quando se expandem no céu.

Gaivotas e outros bichos voam em círculos

anunciando a boa nova:

o que será? O que será?

Já não levo tanto a sério

a história (requentada?)

do Fernão Capelo Gaivota,

de voar mais e mais

alto,

treinando até a perfeição.

O milagre foi manter-se vivo

até aqui.

 

(B. B. Palermo)


Toda Lorena

  Olhava pro fogo mágico do entardecer, que mais parecia uma lareira mandando bem em viagens noutras esferas. Me encanto ao ver minha musa p...