Tudo é possível e permitido
e assombroso
e me sinto vivo,
identificando outras
notas musicais e etílicas
até vislumbrar, vejam
bem, o milagre:
boa parte da vida
acelerando feito doido
e agora, patético, bebo
com moderação.
Os postes de iluminação
já não despencam
e não me assustam, e
juntos – eu, o lixeiro,
os andarilhos e os cães
– amanhecemos
comuns.
Vejam bem, garotos, o
mundo de possibilidades
que se abre; ou,
talvez, seja o começo do fim.
Temos as missas nas
manhãs de domingo
e os passes no centro
espírita,
até para justificar e
acariciar
as recaídas.
Não estou sozinho.
Nuvens acenam quando se
expandem no céu.
Gaivotas e outros
bichos voam em círculos
anunciando a boa nova:
o que será?
O que será?
Já não levo tanto a sério
a história (requentada?)
do Fernão Capelo
Gaivota,
de voar mais e mais
alto,
treinando até a
perfeição.
O milagre foi manter-se
vivo
até aqui.
(B. B. Palermo)
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