segunda-feira, 6 de abril de 2020

Um silêncio tenso na sala de espera



No silêncio tenso da sala de espera
pobres guarda-chuvas dementes
deixam escorrer pingos da chuva.
Ela me observa
de máscara e olhos apavorados.
Cruzo e descruzo as pernas,
meu olho raio-x percorre
seu corpaço.
Acalmo-a através de
mensagens telepáticas.
"Não fique em pânico.
Isso não é nada.
Logo vai passar".

Pendurada numa parede,
Michelle Pfeiffer observa,
e eu lembro da adolescência,
quando sua performance nas telonas
inspirou tantas punhetas
gozadíssimas.
Sua juventude e alegria
não existem mais.
Agora ela vem me censurar
com semblante carregado,
balbuciando, num movimento
de lábios: "Que feio!".

Pobre Cadelão,
está cara a cara com o espelho.
Agora vai usar e estocar
dezenas de máscaras,
vai se camuflar e proteger
deses olhares
amedrontados.

(B. B. Palermo)


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...