sábado, 25 de junho de 2022

Aloprações assistindo futebol na mesa de um bar


Cheguei no bar no intervalo do jogo do Grêmio.

Fazia 2 dias que, pela enésima vez,

havia tomado a decisão de mudar de vida:

fazer dieta, ser um quase vegano

e quase minimalista,

e me afastar do copo.

Meus planos eram claros, cartesianamente falando:

usar de minha Razão para alcançar o equilíbrio,

sem ser influenciado por pastores ou padres ou coaches,

eu sei aonde essa cambada quer chegar,

falando de disciplina, ordem e prosperidade.

O Grêmio perdia por 1 a 0 pro CSA,                                         

os malucos continuavam zonzos em campo

e o Cesinha mamava o litrão de Brahma

e corria pra calçada fumar

e rosnar contra o time.

No início do segundo tempo chegou no bar o Alopradovski,

torcedor doente pelo Grêmio e com idade mental

de uns 9, 12 anos.

Nos últimos jogos do time ele escolheu o técnico

como seu inimigo número 1.

Eu me via diante do seguinte dilema:

as pessoas se tornam alopradas porque torcem

pra um time aloprado,

ou é o contrário?

O demente xingava e torcia contra o time,

e todos no bar não compreendiam este absurdo:

como pode o cara torcer contra o time do coração

por não gostar do Roger Machado e ser apaixonado

pelo Renato Portaluppi?

Olhei para o lado, umas garotas devoravam seus lanches

num semblante apavorado, olhei pro Cesinha e visualizei

seu perfil de sujeito sanguíneo prestes a enfartar.

Em silêncio me perguntei se nos próximos anos

conseguiria juntar dinheiro suficiente

para comprar uma passagem só de ida                      

a Marte.


(B. B. Palermo)


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...