domingo, 4 de novembro de 2018

Um dia qualquer no centro da cidade


O cara na praça faz exercícios físicos naqueles 
aparelhos de merda que as crianças 
fazem de conta que são brinquedos.
Aparelhos estranhos, sujeito estranho.
Fita-me desconfiado, deve estar sabendo 
das cagadas que fiz,
nada tão significativo como acordos nucleares.
Logo adiante avisto uma barraca do SENAC
e uma garota me observa e sorri  
e propõe fazer meu teste vocacional.
Os cabelos e os lábios e os dentes e 
as sobrancelhas sintetizam anos de leituras de horóscopos, 
décadas de tentativas e erros
em busca da resposta sobre o meu destino.
Ai ai ai, o mundo é pequeno, o planeta dá voltas,
vem vindo uma senhora que comi anos atrás.
Vacilo, tento virar o rosto e ela não me reconhece.
Seus pés enormes são duas bocas de serpente
que ameaçam na minha direção.
Intriga dos deuses.
Os ponteiros do relógio digital fazem sua parte e
tudo volta ao normal quando passa um vendedor
com aquele carrinho tapado de cobertores e casacos de lã,
as rodinhas entoam poemas tristes, 
Hoje eu vou vender,
eu hoje hoje eu vou.

(B. B. Palermo)

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Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...