O cara da moto potente desafiando
a solidão
voa pelas avenidas esburacadas
dessa cidade pacata
no domingo de manhã.
Um suicídio vagaroso
e doloroso e fiel tal
qual o meu
empilhando garrafas vazias.
Dias úteis dos operários
cansados
são inúteis.
Um brinde aos cacos
desses copos que enfeitam
nossas mãos
como se fossem rosas.
A máquina desesperada
circulou também pela
tarde,
talvez estivesse
depressiva
ou chapada.
Final de domingo
ônibus das bandas que
animam bailões
roncam pra cima e pra
baixo.
Os coroas têm opções de
contar nos dedos
nos finais de semana:
bailes ou missas ou
cultos
ou programas de
auditório de TV.
Velhos e velhas fodem
pra valer
e o tempo está se
esgotando,
danem-se as DSTs
dane-se o HIV.
Familiares, relaxem,
o atestado de óbito não
alegrará fofoqueiros desocupados,
dirá apenas que foi
"morte por causa indeterminada".
(B. B. Palermo)
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