Estava deitado no banco da praça,
meio down, sem propósito.
Um pombo ciscava ao lado.
Um casal discutia a relação ali, a poucos metros.
Uma criança gritava "olhem!" no escorregador.
E eu? Seguia firme, encarando o céu
como quem busca um sentido pra vida.
Um senhor importante do Texas passou, de terno e suor
e ansioso pra chegar no clube e jogar sua bocha.
- E aí, Palermo, outra vez sem fazer nada?
- Não... Estou tri-ocupado, olhando as nuvens.
- Isso não serve pra nada!
- Nem eu. Por isso nos damos tão bem.
O desalmado resmungou e foi embora, carregando nenhuma culpa
por sempre ter razão.
Olhei para o céu e vi umas nuvens de algodão
cochichando-me, com suas cândidas imagens:
- Vai, Palermo, chegou a hora de cuidar do teu jardim!
Esfreguei os olhos, espantado.
- Vamos, levanta-te! A velhice bate à tua porta
e, mesmo assim, nada tens feito para ser
alcançado pelo amor!
(B. B. Palermo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário