quinta-feira, 3 de setembro de 2020
Um copo aguarda o meu beijo
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Naturalmente
domingo, 23 de agosto de 2020
Pergunte, pergunte
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
O nascimento dessas vênus
Ela está aflorando.
Vi seu ensaio fotográfico no Facebook.
Como apresentação, uma legenda com poucas linhas,
versos de um poema com mensagem pra cima:
"Ela está renascendo", "só ela sabe o poder que
tem".
Tudo a ver com o final do inverno,
folhas secando, caindo e outras brotando,
enfim, a vida se renovando.
Achei lindo saber que a garota está se espaçando.
Tudo a ver com mudança.
Tudo a ver com novas perspectivas.
Tais novidades deixam-me na fila de espera
por mais e mais novidades.
Deve estar mandando recado para alguém.
Talvez um amor frustrado, algum laço rompido que ainda dói.
Um ensaio para mais voos com novas plumagens.
Ou quis alfinetar possíveis concorrentes,
ou despertar a ira e a inveja de umas linguarudas, suas conhecidas.
Deixei-me afetar por tão belas fotos.
Fui me enredando.
Eu, poeta de boteco, carrego debaixo das asas
não apenas o odor dos suores etílicos,
mas também o odor perfumado da sensibilidade,
e alguns velhos livros que mostro aos amigos.
Vocês podem perguntar, aliás, eu também me pergunto:
até quando permanecerei enredado?
Até minha cervical me incomodar, até minha nuca latejar.
Espero ansiosamente o nascimento dessas vênus
saltando das molduras e incendiando meus olhos.
Aguardo entre um gole e outro,
entre as lembranças das poucas e boas performances sexuais,
entre os inchaços do ventre e os gemidos do fígado.
Súbitos espantos.
Seu álbum de fotos
me remete aos álbuns da infância,
encaixotados em algum lugar.
Eram imagens de anjos repletos de luz.
Hoje o zoom persegue bumbuns,
glúteos e tanquinhos musculosos.
É o que todos esperam.
É o corpo falando
e nós obedecendo.
Obrigado, garota, teu álbum na internet
despertou boas lembranças
que aos poucos foram se avivando.
Eis o amor dessas lindas.
Amor das flores humanas
(na falta de um nome mais resplandecente),
e isso justifica tantas poses estampando o sensual nas vitrines.
Pela minha torta vida reta,
eis-me aqui, te levando.
Olhos vidrados, abandonei minhas leituras preferidas
de poemas e contos e romances,
e corri até a academia mais próxima.
Ficarei no ponto.
E aí ninguém me segura.
Grudarei nos teus cabelos, como chiclete,
sem medo de despencar no abismo
do abandono.
Que a beleza da garota vença o tempo,
seja outra Mona Lisa me sorrindo da moldura,
pendurada numa parede de um saguão qualquer.
Que ela fique eternamente bela e jovem,
e que eu permaneça alegre
e com poucos e bons amigos no bar.
E fique o mar sempre calmo,
e que a raiva, o ciúme e a inveja
sejam descartadas
como se fossem lixo eletrônico.
(B. B. Palermo)
terça-feira, 11 de agosto de 2020
No mesmo barco
Não recue, Cadelão, não receie,
ricocheteie nos paralelepípedos,
mamãezinha te observa do seu lugar,
sem julgar,
agora ela é puro amor
e corre pra te salvar
e lamber tuas feridas.
Ela não dá bola
pro teu depósito
de dores simuladas,
ela é exclusiva,
esteio imaginário,
ela vai benzer teus sonhos
abandonados,
um entulho de cinzas,
que se resume na tese,
antítese e síntese
dos teus fantasmas
adormecidos.
Muito colo em algum lugar,
muito sim, muito não,
mamãezinha é o sereno amor
de tua vida.
O que rolou nas repetidas jornadas,
pra que esse amor sem conta
descambasse numa infinita falta de amor?
O que rolou, criatura infeliz,
que te impediu ser
o amante ideal?
Agora mamãe não liga
pro inferno e o pecado,
agora todos são bons,
e estão livres de culpas,
embora tu esperneie
e pense e repense,
e não chegue a nenhum lugar.
De nada serve qualquer filosofia,
de nada serve qualquer religião,
apenas somos autênticos
quando o medo do fim vier,
de nada serve julgar todo mundo
com a bíblia de teus fantasmas,
não causará qualquer ruído
gritar teu verbo na escuridão.
Tu acredita num segundo nascimento,
razão desse que agora finda,
tu acredita que vai manusear
tua linguagem
inclusive
no silêncio eterno.
Agora descemos do sótão,
agora subimos do porão,
ninguém é bonito ou feio,
somos apenas entulhos,
coisas inúteis
pra jogar fora.
Tu não precisa se preocupar
se não aprendeu latim ou grego,
inglês, francês ou alemão,
a presença de mamãezinha
petrifica e silencia
todas as línguas.
Não sei, Cadelão, como será tua eternidade silenciosa,
mas dizem que estás fora de rota,
excluído da universal rotação.
Estamos todos no mesmo barco,
resta-nos navegar e agarrar
o momento.
Até a eternidade.
Até o esquecimento.
(B. B. Palermo)
Balada do amor através das idades - Drummond
Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.
Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.
sábado, 1 de agosto de 2020
Não suporto ver uma folha em branco me encarando
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Aniversário de nascimento do poeta Mario Quintana (30/07/1906)
Pílulas diárias de fofoca
– Em Canela, ninguém cumprimenta ninguém! Em Capão, todo mundo diz “bom dia!”, “tudo bem?”. Aqui tu anda de bermuda e chinelos e ningu...
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Nada a ver, menino! Baratas, sobreviventes neste planeta há 6 milhões de anos, passeiam pela sala cantarolando um samba do “Demô...
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Garota, nossos destinos têm pernas bambas e percorrem umas trilhas nada paralelas. Veja bem, você não leu Schopenhauer nem Han...