domingo, 12 de janeiro de 2020
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
Deus não veste calcinha nem cueca
A sequencia de bares na avenida chama estes príncipes a sentarem junto às mesas espalhadas pelas calçadas. Vivemos o momento e somos os caras. Garotas são princesas em suas belas posturas padrões e perenes e buscam por admiração e likes e tals.
Só eu sei da história de merda que tivemos. Antepassados imigrantes fodidos, vertendo sangue e quebrando seus ossos em busca da sobrevivência - os nossos bisavós, os avós, os pais.
Agora o ego inflou-se divinamente e toma conta desses desertos. Multidões de robôs e ovelhas sem memória da vida heroica e escrota que herdaram, clicando selfie e selfie e selfie. Ego massageado, em vez de enfiar o dedo no rabo. Muito sorriso ortodôntico e calcinhas e cuecas furadas e sujas e xoxotas com aquele sabor.
Tô ligado. Aqueles papos conhecidos como "clichês", que tanto se vê nas telenovelas. Passo a passo, siga a fórmula, primeiro o conflito e depois a lenga-lenga do "eu te amo", do "não consigo viver sem você", do "foram felizes para sempre".
Uma cambada. Voltando aos capítulos das novelas: mire nas cenas das famílias desfrutando o café da manhã, seus problemas previsíveis. Ó Jesus, e aqueles eletrodomésticos que todo brasileiro, por ser batalhador e sonhador, deveria ter em seu cafofo. E tome-lhe bombardeio da publicidade. E tomem sonhos frustrados.
Dá-lhe selfie. Sou rato que sai da toca, faminto, e sou enxotado por milhares de smartphones e suas luzinhas e seus clics e clics.
Deus nos abandonou. No bar, desperdiçamos e desviamos nossa energia.
Os príncipes meditam... quem comerá quem...
Olhávamos uns aos outros enquanto bebíamos e narrávamos nosso incrível cotidiano... Altos papos, tipo como foi a foda de fulano com sicrana... se foi debaixo do chuveiro ou... (Você diria Faça-me o favor, poupe-me dos detalhes). E se... teve ejaculação precoce ou não alcançou a porra do orgasmo... Se ela gemeu pra caralho naquela escapada no horário de almoço num quartinho de motel...
Muita energia desviada e represada.
E se meu time não fizer grandes contratações... E se não tiver café pra disputar nenhum título... E se o maluco que eu coloquei no poder é de fato um psicopata ignorante...
Quer use calcinhas ou cuecas ou saias ou fraldas, Deus definitivamente nos abandonou. Agora dependemos de uns bostas enlouquecidos que preferem a morte ao amor.
Agora o ego inflou-se divinamente e toma conta desses desertos. Multidões de robôs e ovelhas sem memória da vida heroica e escrota que herdaram, clicando selfie e selfie e selfie. Ego massageado, em vez de enfiar o dedo no rabo. Muito sorriso ortodôntico e calcinhas e cuecas furadas e sujas e xoxotas com aquele sabor.
Tô ligado. Aqueles papos conhecidos como "clichês", que tanto se vê nas telenovelas. Passo a passo, siga a fórmula, primeiro o conflito e depois a lenga-lenga do "eu te amo", do "não consigo viver sem você", do "foram felizes para sempre".
Uma cambada. Voltando aos capítulos das novelas: mire nas cenas das famílias desfrutando o café da manhã, seus problemas previsíveis. Ó Jesus, e aqueles eletrodomésticos que todo brasileiro, por ser batalhador e sonhador, deveria ter em seu cafofo. E tome-lhe bombardeio da publicidade. E tomem sonhos frustrados.
Dá-lhe selfie. Sou rato que sai da toca, faminto, e sou enxotado por milhares de smartphones e suas luzinhas e seus clics e clics.
Deus nos abandonou. No bar, desperdiçamos e desviamos nossa energia.
Os príncipes meditam... quem comerá quem...
Olhávamos uns aos outros enquanto bebíamos e narrávamos nosso incrível cotidiano... Altos papos, tipo como foi a foda de fulano com sicrana... se foi debaixo do chuveiro ou... (Você diria Faça-me o favor, poupe-me dos detalhes). E se... teve ejaculação precoce ou não alcançou a porra do orgasmo... Se ela gemeu pra caralho naquela escapada no horário de almoço num quartinho de motel...
Muita energia desviada e represada.
E se meu time não fizer grandes contratações... E se não tiver café pra disputar nenhum título... E se o maluco que eu coloquei no poder é de fato um psicopata ignorante...
Quer use calcinhas ou cuecas ou saias ou fraldas, Deus definitivamente nos abandonou. Agora dependemos de uns bostas enlouquecidos que preferem a morte ao amor.
(B. B. Palermo)
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
A borboleta beijava a lâmpada do meu quarto
A fera teve imenso prazer em narrar o último de meus
fiascos, que assistiu de camarote.
Mais pesado do que tropeços de bêbado nas madrugadas.
Mais pesado do que foder a puta cinquentona mijada e
manjada.
Um coroa sendo zoado e observado pelos olhos atentos
de uma multidão de escrotinhos a partir da narrativa de uma biba tinhosa que
tem pesadelos anoréxicos por causa de seu complexos, que psicólogas atribuem a
uma infância infeliz.
Uma medonha empolgada e triste e em cima do muro.
Nas redes sociais é solidaria às causas das
minorias, os excluídos, os desfavorecidos, o sofrimento dos animais... Porém,
nos grupos de futebol e beisebol e torcida organizada do glorioso Avante
Futebol Clube, ela é o centro, manipuladora, a (o) intelectual, o garoto (a)
que semeia o "politicamente correto".
Um musculoso transbordando pureza, e que gosta de
coisas simples: jantares com sua esposa oficiala, bons livros e boa música e
séries na Netflix.
Sujeito que organiza os eventos da torcida do time,
patrocínios e tals e cuida do caixa 2.
Se partirmos pra imagem das bonecas russas, tira
máscara e outra e mais outra máscara, emerge um radiante Frankenstein.
Mas não se empolguem, irmãozinhos: ninguém sabe até
onde cada um de nós se esconde e se mostra.
A verdade sempre escorrega, desliza, está onde menos
esperávamos. Não somos um espelho inteiro, cada figurinha no seu devido lugar.
Somos mais uma lixeira trasbordando cacos de vidro.
É uma questão de tempo. A leoa vai se soltando, vai
florescendo, uma pétala, outra pétala, bem-me-quer, malmequer,
sou-do-bem-sou-do-mal-sou-legal-eu-sou-bad.
O que vale é o que aparece. O bom carro, as propriedades,
o discurso, a oficiala que apresentamos nos ilustres momentos.
Mas tem sujeitos com essa aparência tranquila que de
uma hora pra outra mergulham de pontes e de prédios ou que se jogam na
correnteza de rios apressados, como se fossem garotos kamikazes.
Aqui estou, despedaçado, fazendo intriga. A biba fez
isso, a biba fez aquilo.
Todo mundo tem segredos e pensamentos e impulsos e
desejos impublicáveis, que nem o FDP do Sombra controla.
Uma da manhã, enroscado nessas mágoas ressentidas,
eu atuava numa bronha valente e solitária, na companhia de uma borboleta enorme e colorida e transgênica, que beijava enlouquecidamente a lâmpada do meu quarto.
terça-feira, 7 de janeiro de 2020
O dia em que a verdade se revelou
Lucy
saltou fora outra vez. No bar, energias paranoicas dançam no meu copo e me
distraem da percepção verdadeira do que acontece ao redor. Aí um amigo mandou pelo
WhatsApp umas fotos de uma garota argentina que é stripper em algumas boates
daqui, foto toda produzida no Facebook, parece uma estrela de filme hollywoodiano.
Pense numa belíssima de pouco mais de 20 anos. E não vi no seu rostinho aquela
safadeza que leva um coroa apaixonado à falência.
Eis
que chega no bar o Seu Amadeo, para beber seus dois litrões e trovejar sandices. No semáforo da esquina
magrões detonam as caixas de som de suas picapes. Seu Amadeo ergue o tom:
-
Caras chatos, nem tico têm e quase não endurece, aí botam a música lá no alto.
Havia
uns carinhas por ali, sentados. Nos entreolhamos.
-
Pronto.
-
A velha ladainha.
-
Eu amo todos os meus amigos - seu Amadeo agora é um cidadão preocupado - mas
eles não sabem se cuidar. O cara é careca, anda de bicicleta, por que não
coloca um gorro na cabeça?
O
brotinho em sua corrida, de roupas justíssimas e adequadas, atende o celular e deixa seu Amadeo puto:
-
É o fim da picada! Ela não sabe por onde anda!
A
garçonete apanha copos e garrafas e limpa outra mesa e seu Amadeo dispara:
- Guria, eu tem amo, mas fica em segredo.
Pouco
depois Ele abana pra atendente de farmácia, do outro lado da rua.
-
Olha lá, a minha namorada.
A
semana foi de chuvas intensas.
-
Queria que chovesse, pra chegar em casa e dormir.
Brotos
caminham pela calçada em suas calças leggin e shorts ajustadíssimos. O velho
fica babando.
-
Elas tão procurando homem!
Cretino,
diz que conhece o mundo. Pisco o olho pros outros e pergunto quais capitais ele
conhece. Desconversa e desconversa. Setenta e poucos anos, quer uma arma pra se
defender.
-
Mas o senhor, com uma arma em casa, meio deprimido, não vai se dar um tiro na
cabeça?
Mesmo
bebendo todas, todos os dias, garante que tem desenvoltura pra encarar qualquer
bandido. Isso aí, somos todos machos valentões, e isso é o que importa.
Seu
Amadeo é prolixo, cutuca qualquer assunto.
-
Até eu, que sou meio bobo, já sabia que esse governo não ia dar certo.
Agora ele ignora os demais e me aluga. Sua
papagaiada envolve a rotina familiar. A filha, a neta, o genro, a ex-mulher.
Ele não sabe o que é terapia. Cura pela fala. Método de associação livre.
A verdade se revela, assim, num relâmpago: jamais
serei psicanalista. Eu não suporto ouvir a repetição e repetição desses dramas,
parecidos com aqueles filmes de Woody Allen.
O filho da puta não sabe que terapia implica
investimento, pagar alguém pra que nos ouça em nossas paranoias que se repetem.
Falei do CAPS pro velhinho. Um psicólogo, ou
psiquiatra, ou psicanalista vai te ouvir de graça, pelo menos uma hora por
semana. Ou pega o dinheiro que queima em cerveja e paga pra uma psicóloga te
ouvir, com o direito de se apaixonar por ela.
Enfim, outro dia no bar, e que rendeu outra verdade:
não vale a pena ficar velho e depender cada vez mais de ouvidos de bebuns,
encontrados ao acaso nesses botecos. E o pior: sem ter ideia de que está
repetindo pela centésima vez a mesma história.
(B. B. Palermo)
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
Conclusões apressadas de todo ano
As fotos dessas garotas em seus perfis no WhatsApp e Facebook - de
sorrisos encantadores e batons vermelhos e poses com pouca roupa - combinam com
o calor de 40 graus e a sede por espalhar a sensualidade.
A meteorologia não traz esperança, e o clima derrete minha paciência nessa
virada de ano.
A TV mostra e mostra a pirotecnia que será a queima de fogos nas
principais capitais do país. São esperadas 3 milhões de pessoas em Copacabana.
Grandes shows num palco gigantesco em São Paulo.
Todos correm e gritam e sorriem e renovam os sonhos.
Não conseguirei sentar diante da TV, "com a boca escancarada cheia
de dentes esperando..." o dia primeiro de janeiro de 2020 chegar.
Aqui estou surfando na turbulência de um grande tédio.
Todos os anos, a televisão e o resto da mídia e as pessoas se comportam
do mesmo jeito: previsíveis.
Numa mesinha de um bar eu refletia sobre essas coisas, quando notei um
sujeito descer do carro, falando no celular.
De imediato mapeei seu perfil: eis um cara prático, deve ser engenheiro
ou dono de loja de peças para máquinas pesadas.
Aqui está um dos nossos grandes e feios defeitos: partir para conclusões
apressadas.
Ele pode ter sido ator famoso de nossa Broadway, ou de Hollywood.
O rei da soja no Centro-oeste brasileiro.
O cara que bancou a mais gostosa da Playboy...
Eu aqui julgando, limitado pelas pretensões de minha míope visão.
Pela manta surrada, de tantos invernos.
Pelo capuz do meu resfriado.
Pela jaqueta e uísque e aparelho de som do Paraguai.
O dia 31/12/2019 é de um calor broxante.
E na minha cabeça o inverno entrou de férias
e levou consigo meu punhado de paciência para com as coisas do mundo.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
As coisas não estão tão ruins assim
Esses caras que compartilham conteúdos de m**** nas redes sociais me
fazem lembrar das minhocas esforçadas que transformam o lixo úmido em adubo pra
minha horta.
Que bela missão eles têm!
Isso tudo é o que faz a máquina girar.
Não sei pra onde, e isso é o que menos importa.
Garanto pra vocês que as coisas não estão tão ruins assim.
Se vocês protestarem:
- Não estão ruins, Cadelão? Teu cu!
Eu vos perdoo.
Vivemos de fases, seus malucos.
Conheço uma garota que suga a grana de um plantador de soja.
Ela me chama, entro na festa fantasiado de Homer Simpson.
O plantador banca tudo e parece feliz.
O plantador banca tudo e parece feliz.
É isso, meus brothers. Viver requer certo risco.
Mas vamos em frente.
As coisas não estão tão ruins assim.
(B. B. Palermo)
domingo, 29 de dezembro de 2019
sábado, 28 de dezembro de 2019
Eu pensava outras coisas
O casal de garotos bebe em
silêncio na mesa ao lado. Sete da noite, 40 graus e eu acabei de retornar da
padaria, onde almocei uns pasteizinhos e café com leite, expresso.
Sentado naquela mesinha
solitária da padaria eu observava senhoras e crianças e garotas de shortinho na
fila do pão. Óbvio, como a sexta, que me perguntava Quem somos nós na fila do
pão?
Eu pensava outras coisas. Na
Lucy, seus vinte e poucos, aquariana que, segundo os astros, combina com meu
signo. Eu sonhava que ela seria a agente literária perfeita do Cadelão,
prestativa, como ela se autodefine.
Eu pensava outras coisas. Como
seria maravilhoso se eu fosse a reencarnação do Hemingway, se pudesse retomar e
tocar adiante sua obra, e também pudesse ser um escritor reconhecido no planeta
inteiro, e ter inspirações em português e inglês e italiano e espanhol, e ter
um romance roteirizado e transformado em filme.
Eu pensava outras coisas. Em Lucy e seu
papel de mãe, em Hemingway e a inveja que
ele me despertou quando li "O sol também se levanta" e "Adeus às
armas". Porra, quando vou conseguir bolar aqueles diálogos espertos entre os
personagens? Quando vou conseguir descrever cenários e paisagens com a riqueza
de detalhes e a concisão que o FDP conseguiu?
Eu pensava outras coisas. De
que devo ler menos os grandes e mais uns escritorezinhos de merda, uns
pretensiosos que encontro por aí, com certeza isso vai levantar meu astral.
Eu pensava outras coisas. De
que enchi o saco de tanta punheta e sexo casual e que Lucy devia me
compreender, Ela é a garota de minha vida, porque nós dois somos loucos e
aventureiros, no fundo ela adora esse coroa bebum e escroto e sensível e
espirituoso.
(B. B. Palermo)
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Somos uns FDP tão burros que até parecemos ingênuos
Estamos
juntos, com nossas bicicletas e esteiras e cacetes e xotas abandonadas num
canto.
Estamos
juntos, com nossas veias entupidas de tanto transportarem frustrações.
Me
identifico com todos, por isso estamos juntos. Flutuo entre uns caras surdos
que berram toneladas de amenidades e depositam numa latrina minha sede.
Estamos
juntos, com nosso cabelo cada vez mais ralo, nossas olheiras e dentes mal
cuidados, nossas orelhas mergulhadas na cera, nossas mulheres que funcionam
como babás.
Nossos
aluguéis atrasados, nossas mansões e venenos derramados nas plantações e nossos
bebês prematuros e seus defeitos, como se recebessem uma tatuagem ou marca, a
nossa idolatria ao progresso.
Estamos
juntos, com nossos carros econômicos e limpos e brilhantes, como se fossem
limusines, com nossas festas de fim de ano, da empresa e da escola e da
família, e nossas postagens bonitinhas nas redes sociais com aquela ortografia
horrorosa.
Estamos
juntos, com nossos chás emagrecedores e frutas que apodrecem na fruteira e
legumes mofados na geladeira. Adoramos citar Clarice Lispector e Martha
Medeiros e Mario Quintana, aquelas merdas de autoajuda que fingimos não saber
que não foram esses caras que escreveram.
Estamos
juntos nessa de sermos uns filhos da puta tão burros que parecemos ingênuos.
Estamos
juntos com nossa raiva que faz estragos, como se fosse granada explodindo no
meio da multidão. Nossas respostas amargas e ríspidas a quem nos contraria
revelam imensa fraqueza. É como se abríssemos uma clareira na floresta usando
facão sem cabo e sem usar roupa ou qualquer proteção, totalmente nus e expostos
às investidas de cobras e insetos.
Estamos
juntos nessa de nos considerarmos anjos rodeados de cobras e insetos.
Estamos
juntos, com nossos lençóis limpos, sacadas arejadas e amantes discretas e
compreensivas, como se existissem apenas no imaginário. Estamos juntos,
mulheres perfeitas existem apenas no imaginário. Estamos juntos, homens
perfeitos não existem. Me conheço.
Estamos
juntos. Se me perguntarem: Pra 2020, escolherei Cristo ou álcool ou drogas? Simplesmente
responderei: Sou todo Lucy, com seus
peitos e coxas e bunda musculosa e sacadas espirituosas e sotaque portunhol que
bombeia meu sangue até os países baixos e sua personalidade inesquecível que amarei
eternamente no ano que vem.
Estamos
juntos e sabemos que somos anjos protegidos por nossos deuses e ídolos do
esporte e da música e da política, seres reais e imaginários, responsáveis pra
dar sentido pra essa vidinha de filhos da puta pra lá de burros, mas tão burros
que até parecemos ingênuos.
(B.
B. Palermo)
sábado, 14 de dezembro de 2019
Nada, nada, nada
A folha em branco, copo
d'água e uma cerveja, e nada, nada, nada.
Um velho ansioso pra
contar as cagadas que fez na semana, a folha em branco esperando, e nada, nada,
nada.
A cerveja pouco gelada,
o tímido colarinho, o velhinho que insiste em bater papo, a folha em branco, e
nada, nada, nada.
A ressaca que grita
mais alto, planos outra vez adiados, o comportamento esquisito do trânsito na
noite de sexta, a folha em branco, e nada, nada, nada.
O silêncio dos
coerentes, a gritaria dos idiotas, jovens e velhos só falam em negócios e
grana, a folha em branco, e nada, nada, nada.
Greves no topo, greves
quase estourando, governantes são cocô de cachorro que pisei na calçada, meu
coração reclamando, a folha em branco, e nada, nada, nada.
Alarmes disparam,
guardas berram salários atrasados, câmeras de segurança estão me vigiando, a
folha em branco, e nada, nada, nada.
Mapas estão sobre a
mesa, mapas estão nas paredes, mapas estão olhando e rindo de minhas escolhas, a folha em branco, a caneta fiel e
impotente, e nada, nada, nada.
Gostaria de conhecer
todas as putas da cidade, gostaria de casar com uma virgem e viver bodas de
ouro de fidelidade... hoje estou delirando... a folha em branco, e nada, nada,
nada.(B. B. Palermo)
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
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