Grãos de areia interditaram meus
olhos
nesta quarta-feira de tarde,
bastou umas calcinhas no varal
tomarem banho de sol
e ousarem me decifrar
com seus olhares
insinuantes.
As libertinas acertaram o coração
do meu Calcanhar de Aquiles
e despejaram em lixeiras os meus
planos e promessas
de mudar de vida.
O slogan, era:
Agora vai! Atividades físicas
regulares,
boa alimentação e emancipação das
bebidas!
Aposto que as diabinhas não ocupavam
o varal
por acaso!
Fito-me diante do espelho
e ouço a gargalhada ‒ parece uma
caturrita
comemorando um prêmio de loteria.
O som é o mesmo da máquina de lavar
roupas,
batendo, pulando...
Imediatamente, lembro do Padre
Alfredo,
nos tempos da adolescência, nas
missas de domingo.
O pirotécnico mirava os olhos da
garotada
e erguia o tom,
profetizando:
“Novo homem!
Novo Homem!
Novo homem!”.
Aqui no banheiro, o padre já não
esbraveja.
Apenas ri, feito caturrita de batina.
Ri com vontade, até minha imagem
embaçar.
(B. B. Palermo)
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