Abri as fotos no celular,
ampliei seu tamanho
e saltitaram diante dos olhos
poses sensuais
em diversos cenários de seu lar.
Ombros e coxas e rabo,
nuns ângulos incríveis,
e também braços
e panturrilhas tatuadas
e, desconfiei, meia calça tatuada.
Experts em moda,
mais um desafio
para modelos plus size
conquistarem as passarelas.
Cadelão provinciano que sou,
imaginei o fotógrafo,
o escultor e o arquiteto e
o açougueiro afiando
suas ferramentas,
dando forma àquele corpão,
provocando insights malucos
de nutricionistas moderninhas.
Cadelão romântico que sou,
imaginei a estrela no camarim,
embelezada pelo maquiador,
bajulada pelo diretor,
seu fã clube bombando nas redes sociais,
milhões de seguidores no Instagram.
Quem te preparou,
quem te conduziu para o altar,
quem te deixou assim
donzela para o amor?
O amor de tua vida,
numa noite qualquer,
numa transa qualquer,
em cima da mesa de jantar
da casa de um amigo,
de madrugada e de quatro,
numa aventura fantasiosa...
Baby, não sou ninguém,
não ligue pro meu papo,
mas carne explícita afugenta
deuses príncipes,
candidatos a "homens de tua
vida".
Sensualize detalhes
que a maioria nem percebe,
como o tesão de tua voz
declamando um poema
romântico.
Aposte na doce voz
de tua alma,
deixando paus assanhados,
que desafiam durante horas
a gravidade.
Seja ousada, meu amor,
ainda há carinhas sensíveis,
"amantes à moda antiga".
Não te deixe exibir
e padronizar,
como se fosses bisteca,
costela e picanha e chuleta...
num balcão de açougue.
Acorde, baby,
acorde a leoa que berra
sufocada
dentro do teu ser.
Seja ovelha desgarrada,
dê uns safanões
na maria-vai-com-as-outras,
ria da piriguete,
manda um foda-se pra marionete,
corra, venha logo pro meu cantinho,
enrosca-te na velha cama,
nem que seja uma única vez,
prometo uma inesquecível tarde
de amor.
(B. B. Palermo)