Parece patético, eu sei,
mas estou sem papel
para aprisionar alguma
assombração
que rondar a mente.
Papel higiênico tem,
papel de parede
no cafofo também tem,
inclusive guardanapos.
Papelões de conhecidos doidos fazendo cócegas
em meus poemas,
nem se fala.
Restou o calendário
de 2022 que a senhoria
pendurou
na parede da sala.
Como o ano está findando,
reservei suas folhas
para rabiscar eventos hilariantes
que vivi
e os papelões que colecionei,
e que um dia saberei se foram
fundamentais
em minha história.
Vontade de rir ou chorar
eu tenho de montão,
muito mais do que os estoques
de folhas em branco que possa
comprar.
(B. B. Palermo)
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