Dalton é
um personagem que eu criei. Pseudônimo ou heterônomo, não sei.
Esses dias Dalton propôs escrevermos outro tipo de texto. A partir
de manchetes de jornais e revistas, isolando-as do texto que elas
anunciam. Segundo ele, ao serem inseridas num outro contexto, as
palavras ganham um novo significado. Isso talvez ajude a colorirmos
um pouco nossa realidade. Disse-lhe:
- Pra você, o mundo tem sentido ou é um arco-íris total? Eu me preocupo com o leitor. Para ser compreensível, a escrita necessita de uma lógica. Que tenha início, meio e fim...
Dalton não me ouvia. Prosseguiu na sua viagem lendo algumas manchetes de jornais e revistas, que ele compilou:
"Marina enrola-se na própria rede." "Marina chora, Dilma comemora." "Linda, perigosa e degradada." "Nada vai desaparecer, tudo vai se interligar." "Ataque a museu não combina com professor." "No mundo, uma em cada oito crianças passa fome." "Quando Dilma beijará a cruz?" "Como aproximar meninos e meninas." "Obama pôs a mão na colmeia." "Nossos genes não têm dono." "Existem gays no Vaticano." " Meretrizes felizes e outros deslizes." "O mar é um lixo." "Moralidade total flex."
Após sua leitura, óbvio, eu estava intrigado. As frases tocavam em diversos assuntos, alguns próximos, outros totalmente distintos. Disse a Dalton que, a cada dia, novas manchetes, novos ou velhos assuntos. Diante disso, nossa tarefa é a de buscar uma ordem. E ele retrucou:
- Pra você, o mundo tem sentido ou é um arco-íris total? Eu me preocupo com o leitor. Para ser compreensível, a escrita necessita de uma lógica. Que tenha início, meio e fim...
Dalton não me ouvia. Prosseguiu na sua viagem lendo algumas manchetes de jornais e revistas, que ele compilou:
"Marina enrola-se na própria rede." "Marina chora, Dilma comemora." "Linda, perigosa e degradada." "Nada vai desaparecer, tudo vai se interligar." "Ataque a museu não combina com professor." "No mundo, uma em cada oito crianças passa fome." "Quando Dilma beijará a cruz?" "Como aproximar meninos e meninas." "Obama pôs a mão na colmeia." "Nossos genes não têm dono." "Existem gays no Vaticano." " Meretrizes felizes e outros deslizes." "O mar é um lixo." "Moralidade total flex."
Após sua leitura, óbvio, eu estava intrigado. As frases tocavam em diversos assuntos, alguns próximos, outros totalmente distintos. Disse a Dalton que, a cada dia, novas manchetes, novos ou velhos assuntos. Diante disso, nossa tarefa é a de buscar uma ordem. E ele retrucou:
- Que tal
exercitarmos nossa criatividade, criando um novo texto ao
interrelacionar as manchetes que eu separei? É possível fazer um
ensaio literário.
E leu mais
frases:
"Pague um mico por aqui." "Ter filhos traz intelectualidade." "Idosos gordinhos morrem menos." "Por que a gente sente vergonha alheia?" "Urso polar tem colesterol alto?" "Quem sabe faz ao vivo." “Nada se cria, tudo se copia”. “Interino também sonha.”
Perdi a paciência...
"Pague um mico por aqui." "Ter filhos traz intelectualidade." "Idosos gordinhos morrem menos." "Por que a gente sente vergonha alheia?" "Urso polar tem colesterol alto?" "Quem sabe faz ao vivo." “Nada se cria, tudo se copia”. “Interino também sonha.”
Perdi a paciência...
- Pare!
Isso é uma confusão total!
- Calma... Só você não enxerga que as frases podem ser relacionadas. Deixa eu ler mais algumas.
"Com dinheiro não se brinca." "Como ler um livrão numa sentada." "E se a gente parasse de comer carne?" "Da série ninguém consegue entender." "Fechei as portas para o diálogo."
- Dalton, pegas tuas frases e enfia no ... Nosso mundo não tem nada a ver com isso. Ele segue uma lógica, uma determinação. E acrescentei:
- Observe a maneira como se ensina redação, para o ENEM, a esses garotos e garotas do Ensino Médio. Você vem com literatura, quando o país quer qualificar seus jovens para o mercado de trabalho? Ninguém vai ligar para tuas malucas viagens literárias! O Brasil com urgência para dar um lugar ao sol a um bando de jovens, e você quer provocá-los com literatura? Ora bolas! Se você quer se divertir, pesquisando frases soltas, faça como eu: uma professora, amiga minha, fez uma prova de ciências para seus alunos de Ensino Fundamental. Escuta só as respostas de um aluno para duas questões:
Pergunta: defina o núcleo da célula.
Resposta do aluno: “É a parte redondinha do meio.”
Pergunta: Quais as principais características dos seres vivos?
Resposta do aluno: “Alto, baixo, gordo e magro.”
Ao ouvir isso, Dalton abriu um sorriso de empolgação:
- Cara, isso rende um texto divertido. Já tenho sua manchete: “ Humor volta às aulas”.
- Calma... Só você não enxerga que as frases podem ser relacionadas. Deixa eu ler mais algumas.
"Com dinheiro não se brinca." "Como ler um livrão numa sentada." "E se a gente parasse de comer carne?" "Da série ninguém consegue entender." "Fechei as portas para o diálogo."
- Dalton, pegas tuas frases e enfia no ... Nosso mundo não tem nada a ver com isso. Ele segue uma lógica, uma determinação. E acrescentei:
- Observe a maneira como se ensina redação, para o ENEM, a esses garotos e garotas do Ensino Médio. Você vem com literatura, quando o país quer qualificar seus jovens para o mercado de trabalho? Ninguém vai ligar para tuas malucas viagens literárias! O Brasil com urgência para dar um lugar ao sol a um bando de jovens, e você quer provocá-los com literatura? Ora bolas! Se você quer se divertir, pesquisando frases soltas, faça como eu: uma professora, amiga minha, fez uma prova de ciências para seus alunos de Ensino Fundamental. Escuta só as respostas de um aluno para duas questões:
Pergunta: defina o núcleo da célula.
Resposta do aluno: “É a parte redondinha do meio.”
Pergunta: Quais as principais características dos seres vivos?
Resposta do aluno: “Alto, baixo, gordo e magro.”
Ao ouvir isso, Dalton abriu um sorriso de empolgação:
- Cara, isso rende um texto divertido. Já tenho sua manchete: “ Humor volta às aulas”.
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