quinta-feira, 24 de março de 2016
terça-feira, 22 de março de 2016
Deus é naja - Caio Fernando Abreu
Tenho um amigo, cujo nome, por muitas razões, não posso dizer, conhecido como o mais dark. Dark no visual, dark nas emoções, dark nas palavras: darkésimo. Não nos conhecemos a muito tempo, mas imagino que, quando ainda não havia darks, ele já era dark. Do alto de sua darkice futurista, devia olhar com soberano desprezo para aquela extensa legião de paz e amor, trocando flores, vestida de branco e cheia de esperança.Pode parecer ilógico, mas o mais dark dos meus amigos é também uma das pessoas mais engraçadas que conheço. Rio sem parar do humor dele- humor dark, claro. Outro dia esperávamos um elevador, exaustos no fim da tarde, quando de repente ele revirou os olhos, encostou a cabeça na parede, suspirou bem fundo e soltou essa: -"Ai, meu Deus, minha única esperança é que uma jamanta passe por cima de mim..." Descemos o elevador rindo feito hienas. Devíamos ter ido embora, mas foi num daqueles dias gelados, propícios aos conhaques e às abobrinhas.
Tomamos um conhaque no bar. E imaginamos uma história assim: você anda só, cheio de tristeza, desamado, duro, sem fé nem futuro. Aí você liga para o Jamanta Express e pede: -"Por favor, preciso de uma jamanta às 30h15, na esquina da rua tal com tal. O cheque estará no bolso esquerdo da calça". Às 20h14, na tal esquina (uma ótima esquina é a Franca com Haddock Lobo, que tem aquela descidona), você olha para esquina de cima. E lá está- maravilha!- parada uma enorme jamanta reluzente, soltando fogo pelas ventas que nem um dragão de história infantil. O motorista espia pela janela, olha para você e levanta o polegar. Você levanta o polegar: tudo bem. E começa a atravessar a rua. A jamanta arranca a mil, pneus guinchando no asfalto. Pronto: acabou. Um fio de sangue escorrendo pelo queixo, a vítima geme suas últimas palavras: -"Morro feliz. Era tudo que eu queria..."
Dia seguinte, meu amigo dark contou: - "Tive um sonho lindo. Imagina só, uma jamanta toda dourada..." Rimos até ficar com dor na barriga. E eu lembrei dum poema antigo de Drummond. Aquele Consolo na Praia, sabe qual? "Vamos não chores / A infância está perdida/ A mocidade está perdida/ Mas a vida não se perdeu" – ele começa, antes de enumerar as perdas irreparáveis: perdeste o amigo, perdeste o amor, não tens nada além da mágoa e solidão. E quando o desejo da jamanta ameaça invadir o poema – Drummond, o Carlos, pergunta: "Mas, e o humour?" Porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça doer demais: invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada. Dark, qual o problema?
Deus é naja - descobrimos outro dia.
O mais dark dos meus amigos tem esse poder, esse condão. E isso que ele anda numa fase problemática. Problemas darks, evidentemente. Naja ou não, Deus (ou Diabo?) guarde sua capacidade de rir descontroladamente de tudo. Eu, às vezes, só às vezes, também consigo. Ultimamente, quase não. Porque também me acontece – como pode estar acontecendo a você que quem sabe me lê agora - de achar que tudo isso talvez não tenha a menor graça. Pode ser: Deus é naja, nunca esqueça, baby.Segure seu humor. Seguro o meu, mesmo dark: vou dormir profundamente e sonhar com uma jamanta. A mil por hora.
segunda-feira, 21 de março de 2016
quinta-feira, 10 de março de 2016
Lista para a festinha
Não me conte em detalhes teu café da manhã. Nem o jantar com amigos, o que comeram, beberam e quanto custou.
O poeta não liga para o que cada um vai pagar, e se isso é justo. Não liga para a maneira como você administra teu patrimônio. Se vai se empanturrar de cerveja ou de refri na festa.
Além de organização, a vida precisa de emoção.
mais do que repetição - como a musiquinha da Xuxa no carro da vendedora de picolés - o cotidiano quer nos despertar.
Mais do que suprir necessidades fisiológicas, o café da manhã deveria dar prazer. Escute teu amor narrar o sonho bizarro que teve. Dê um tempo para as contas.
Mais do que ordens, obrigações e demarcações de poder, o trabalho deveria humanizar.
O poeta observa e conclui: a vida oferece muito mais!
Escute o pulsar da vida. Em alguns casos os excessos triplicam, em outros a escassez alardeia. Lugares onde a estupidez dá as cartas, lugares onde o amor faz besteira.
As coisas acontecem. O mais complicado é nossa sensibilidade captar isso... E se encantar.
Houve uma lista para a festa de amigos. Durante a semana o grupo debateu pelo whatsapp onde, quando e por que, qual seria o cardápio e o que cada um iria pagar.
mais sensibilidade e menos administração.
Como o prazer andou esquecido, perdi meu apetite. Vou ficar por aqui, embriagado pelo pulsar de um bom livro.
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
domingo, 6 de março de 2016
Para Bukowski
Ridícula essa inocência de olhar pro umbigo e fazer planos de perder peso, aumentar a musculatura e angariar olhares e corpos de algumas vadias. Aiaiai que bosta quase não ler e escrever, quando saem algumas linhas sofridas é pra amassar a folha e acertar a lixeira. O pior é o vexame matutino de dar de cara com o que escreveu ontem à noite depois de entortar uma garrafa de líquido duvidoso.
Ridícula essa pretensão de imitar Charles Bukowski.
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
quinta-feira, 3 de março de 2016
Inri Cristo
“Eu te perdoo por não me levares a sério”, fala docemente o homem que se autoproclama Jesus Cristo.
Tudo o que ele diz é em obediência a Deus, que chama
de “Meu paizinho”.
Essa devoção a um Deus onipresente e onipotente, em
vez de me comover, me faz rir.
Mas não o rejeito. Com tanta igreja e
representantes de Deus no mercado, é ele quem mais me atrai. É que, como eu,
ele também está ******* pra essa sociedade de *****.
Carrega uma cruz: ser impedido de falar.
Não ter mídia. E tem razão. Com tantos canais falando ***** por aí, por que não
deixar ele viajar no verbo?
Somos parecidos. Embora ele seja profeta do
caos, das revelações e previsões catastróficas, me pareço com ele, no aspecto
poético, pois a tudo observamos e escutamos, não abrimos igrejas nem cobramos
dos fiéis.
Mas não deixo de rir quando ouço dizer que Deus
fala com ele. Sua obediência e fidelidade me dão inveja. Por que não consigo
ser assim? Nessas horas quase me autoflagelo.
A culpa se esvai quando percebo que também sou
contador de histórias, como ele, o padre, o pastor, o pai, a mãe, a professora,
o avô, a avó... Creio que, quanto mais imaginação e invenção, mais agrada a
Deus.
Mas que entidade é esse Deus?
Se foi ele que criou tamanha máquina (fantástica)
que é o universo, por que dedicaria tempo a se importar com nossas *********?
E se Jesus, na verdade, for representado não por uma
figura humana, e sim, por exemplo, por uma vaca, gato ou jumento?
Diante de tantos discursos, decidi dar mais crédito
aos mais cômicos e imaginativos. Eles tornam a vida mais leve. É por isso que
já sou quase fã de Inri Cristo.
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
quarta-feira, 2 de março de 2016
Ana Cristina Cesar
faz três semanas
espero
depois da novela
sem falta
um telefonema
de algum ponto
perdido
do país
espero
depois da novela
sem falta
um telefonema
de algum ponto
perdido
do país
A poeta carioca Ana Cristina Cesar (1952-1983) foi escolhida como autora homenageada na Festa Literária Internacional de Paraty em 2016, que vai acontecer entre 29 de junho e 3 de julho, em Paraty (RJ). Ela é a segunda mulher a ser lembrada pelo evento. A primeira foi Clarice Lispector em 2005. Na edição deste ano, o autor homenageado foi o escritor Mário de Andrade.
Expoente da geração da Poesia Marginal, que nos anos 1970 se firmou distribuindo edições caseiras no Rio de Janeiro, ao largo do mercado editorial e sob o peso da ditadura militar, Ana C., como era chamada por amigos, fundou uma vertente marcante na poesia brasileira contemporânea (Fonte G1).
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
No fundo, somos uns solitários
A esposa reclama que a máquina de lavar roupas
estragou. A outra diz que está com saudade, que foi ao salão, mudou o cabelo e
está louca para encontrá-lo.
Trocam-se os papéis.
Separa-se, encara pensão alimentícia e torna a
garota linda e cheirosa sua esposa oficial. Reordenam-se as regras e logo a
ex-outra é quem vai reclamar do vazamento da torneira da pia e da caixa de
descarga do banheiro.
Enquanto isso a ex-oficial tricota artimanhas para
estar sempre por perto e reivindicar o que lhe é de direito: fazer o impossível
para tornar a vida dele um inferno.
Ser e não ser. Um dia somos namorados, noutro dia
não. Um dia maridos ou esposas, noutro dia não. Amantes e ex-amantes. O campeonato
da vida muda suas posições em alta velocidade. E nem percebemos que somos uns tontos!
Não descrevo fatos reais, munição perfeita para
sites e revistas de fofocas. Farejo assunto qualquer para aguçar a curiosidade
de meus onze leitores (pressinto que logo, logo, chegarei a quinze).
Fios, teias, boa parte imperceptíveis, nos conectam
à realidade. Mas como esta anda vulnerável à neblina e ao lusco-fusco do “ouvi
dizer”!
Será que um marido perfeito pode ser amante
perfeito? Será que a amante perfeita pode ser esposa perfeita? Quem consegue
andar tranquilo nas trilhas da monogamia? E nas trilhas da poligamia?
Inventamos as regras não sem renúncia. Culpamo-nos
quando desobedecemos as mesmas. Também inventamos a tragédia e a comédia? Somos
tontos, ridículos e sérios ao mesmo tempo. E temos dificuldade para perceber o quanto
estamos aprisionados.
Leio um poema de Neruda e me pergunto como ele vê essas
danças de troca de papéis. Somos razão, somos pulsão, somos vontade de poder,
de sexo, de carinho... e de solidão.
Diz um trecho do poema “Cavaleiro solitário”,
traduzido por Paulo Mendes Campos:
“Os
entardeceres do sedutor e as noites dos esposos
unem-se como dois lençóis me sepultando,
e as horas depois do almoço em que os jovens
estudantes
e as jovens estudantes, e os sacerdotes se
masturbam,
e os animais fornicam diretamente,
e as abelhas cheiram a sangue, e as moscas zumbem
coléricas,
e os primos brincam estranhamente com as suas
primas,
e os médicos olham com fúria para o marido da jovem
paciente,
e as horas da manhã em que o professor, como por
descuido,
cumpre o seu dever conjugal e toma o café,
e ainda mais, os adúlteros que se amam com
verdadeiro amor
sobre leitos altos e longos como embarcações;
seguramente, eternamente me rodeia
este grande bosque respiratório e enredado
com grandes flores como bocas e dentaduras
e negras raízes em forma de unhas e sapatos.”
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Poema de Emily Dickinson
Neste poema Dickinson fala a respeito de um enterro que ela provavelmente presencia por morar perto de um cemitério. Este enterro é associado por ela ao seu próprio, como revelado na terceira estrofe. A tradução é de paulo Mendes Campos.
Não era a morte, pois eu estava de pé
e os mortos estão todos deitados;
não era a noite, pois todos os sinos
punham a língua de fora ao meio-dia.
Não era o orvalho, pois na carne
sentia sirocos a rastejar...
Nem o fogo, pois os meus pés marmóreos
podiam guardar para si um frio santuário.
Era no entanto como se fossem.
Formas que vi
arrumadas para o enterro
lembravam as minhas,
como se a minha vida, recortada
e emoldurada,
ficasse irrespirável sem uma chave;
e como se fosse meia-noite, um pouco,
quando tudo que bate de leve pára,
e o espaço olha em torno,
e a geada horrenda, manhãs primeiras de outono,
bloqueia o chão palpitante.
Principalmente como o caos – frio, incessante –
sem saída ou ponto de apoio,
sem qualquer notícia da terra
para justificar o desespero.
ORIGINAL
1. It was not death, for I stood up,
2. And all the dead lie down;
3. It was not night, for all the bells
4. Put out their tongues, for noon.
5. It was not frost, for on my flesh
6. I felt siroccos crawl,
7. Nor fire, for just my marble feet
8. Could keep a chancel cool.
9. And yet it tasted like them all;
10. The figures I have seen
11. Set orderly, for burial,
12. Reminded me of mine,
13. As if my life were shaven
14. And fitted to a frame,
15. And could not breathe without a key;
16. And I was like midnight, some,
17. When everything that ticked has stopped,
18. And space stares, all around,
19. Or grisly frosts, first autumn morns,
20. Repeal the beating ground.
21. But most like chaos,--stopless, cool,
22. Without a chance or spar,--
23. Or even a report of land
24. To justify despair.
(Poema extraído da monografia de Aline Dimingues de Paiva. Cfe. site http://www.ufjf.br/bachareladotradingles/files/2011/02/Aline-Domingues.pdf)
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
O galo do professor
O galo Gedeão, antes condenado, renasceu. De
lambuja, ganhou uma companheira, a Gerusa. Os dois desfilam no pátio de uma
casa a duzentos metros do mar, na praia de Arroio Teixeira. Parecem um casal de
velhinhos, renovados após descobrirem um grande amor. Agradecida com o doce
lar, Gerusa brinda a humanidade botando um ovo por dia.
Vamos à história do simpático casal. Um professor, o
galo sapiens da história, após uma semana comendo frutos do mar, rememorou os
galos e galinhas caipiras que sua mãe assava aos domingos no forno de fogão à
lenha, acompanhados da imbatível salada de batatas – o que seria da vida dos
descendentes de alemães sem a maionese aos domingos?
Naquela noite chegou a sonhar com o imponente galo
caipira assado na sua infância. Junto aos familiares, em torno da mesa, o
banquete só iniciava depois da oração puxada pelo pai. Após agradecerem a Deus,
o pai escolhia o primeiro pedaço de carne, seguido pelos irmãos mais velhos.
Com tantas lembranças da infância, galináceos
criados no pátio vivendo de alimentação saudável, como grama, frutas, milho e
legumes, o professor não titubeou em rejeitar a ideia de se fartar com um
daqueles frangos assados aos domingos em vários pontos da cidade, criaturas que
foram abatidas com mais ou menos sessenta dias de vida, alimentadas com ração
duvidosa, muitas vezes repletas de hormônios.
Pensou que um banquete à altura dos da sua história
não podia ser apressado. Precisava engordar o galo à sua maneira.
O galo foi
encomendado a preços módicos, de um feirante. No dia da entrega este não trouxe
um jovem e imponente galo, como prometera. Era um galo idoso, de esporas mal
cuidadas. O que fazer? Fechado o negócio, o galo passou a viver livre, leve e
solto no pátio. E como na natureza tudo renasce, no espaço verde e pertinho do
mar, respirando toda aquela maresia, o galo revigorou. Em pouco tempo estava no
ponto... No caso: pronto para o abate. Era o momento tão esperado: fazer um delicioso
frango caipira com direito a todos os temperos que cultivava no pátio.
Se quando criança via sua mãe puxar o pescoço de
galos e galinhas, depená-los, temperá-los e assá-los, particularmente o
professor nunca o havia feito. Sua consciência deu sinal de alerta quando
pensou na morte do galo.
Invadiram a memória do professor lembranças da
infância, as aulas de catecismo e a missa obrigatória nos finais de semana. A
missão de Noé de salvar um casal de cada espécie de bichos que povoavam a terra
insuflou sua sensibilidade. As determinações de Deus a Noé, de proteger todos
os bichos, despertou o lado humano, demasiado humano, do professor. E ele teve
certeza de que devia proteger, batizar e dar uma companheira a Gedeão.
Foram também decisivas suas leituras de Immanuel
Kant, nas aulas de filosofia no ensino médio. Para o grande filósofo alemão do
século VIII, se você tem consciência do que faz, e o faz usando o bom senso de
homem livre, então você sabe que o melhor para você não deve causar danos aos outros.
Em outras palavras, que a realização do teu desejo não prejudique os outros. E,
dando mostras de seus progressos em termos de sensibilidade e humanidade, o
professor compreendeu que esses outros
não significam apenas os sapiens, mas também os bichos. No caso desta
história, os galináceos.
Hoje o galo não é apenas o dono do terreiro. Às
cinco da madrugada inicia uma sequência de cantos. Além de pontual, exibe um potentíssimo
gogó. Aos poucos seu canto desperta outros galos. O canto de um puxa o canto do outro, dando mostras de que estão sintonizados. Ensinam-nos uma lição: que
sozinhos não bordamos uma nova manhã, a cada manhã.
Mas o reino animal tem suas surpresas e armadilhas.
Gedeão e Gerusa correm perigo. Precisamos avisar o professor de que as raposas
da praia estão à espreita. Por enquanto, com tantos turistas, comida é o que
não falta. Mas quando o verão acabar...
Como na vida tudo se renova, o professor não se
contenta em sentar na varanda dando milho aos galináceos, esperando mais e mais
ovos e realizando a vontade de Deus: “Crescei e multiplicai-vos”. Ele também planeja criar uma associação para
cuidar dos bichos maltratados e abandonados da praia onde vive.
(Teco, o poeta sonhador, em: de bichos & gentes)
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
Você, um consumidor do bem
Você que vai ao shopping e aluga o mostruário. Observa linhas e curvas, ângulos e formas, do pescoço até a cintura.
Você, que parcela o dia-a-dia em fatias de açougue,
mercado e farmácia, calcula o mês durante a noite, pra saber o quanto
pode esticar o seu carnê.
Você, um consumidor do bem. Que não se cansa de
vigiar e, se preciso for, acionar a polícia e o Procon.
Tens de deixar tudo em dia: IPVA, IPTU, vacinas e o
Título de Eleitor, e sorrir para as câmeras que te observam nas esquinas.
Você, que se acostumou com a rotina e serve de
exemplo e retidão. Para que tua vida continue tão bela quanto é, seja sério e
fiel consumidor.
Você, que controla gastos, raiva, medo e frustrações,
que desfila uma brisa de sabedoria, que troca o carro a cada final de ano, em
quarenta e oito suaves prestações.
Você, que absorve a opinião pública, previsível,
definitiva, com altas doses de senso comum.
Você, um consumidor do bem, que obedece às estatísticas.
Não as reais, frustradas pelo acontecer, mas as projetadas pelos deuses do
mercado econômico. Cresça, cresça, de preferência dois ou mais dígitos, até a morte te
acolher.
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
Assinar:
Postagens (Atom)
Sonhe alto
Apressado, entrei num banheiro químico junto à praça e aos bares e levei um susto: quem me encarava, de lá debaixo, era o abismo...
-
Nada a ver, menino! Baratas, sobreviventes neste planeta há 6 milhões de anos, passeiam pela sala cantarolando um samba do “Demô...
-
Garota, nossos destinos têm pernas bambas e percorrem umas trilhas nada paralelas. Veja bem, você não leu Schopenhauer nem Han...