Nenhum desespero.
Início de 2025 e já não suporto as lamúrias duns amigos.
A velha ladainha: o que gostariam de fazer
e o que se perdeu no caminho, enquanto a carcaça desanda
e a alma entristece.
– Eu devia flanar nas alturas recebendo um soldo mensal
de pelo menos 2 dígitos, mas nada acontece!
Estou só por 2027!
Eu não: estou só pelo hoje!
Observo os pés de umas garotinhas calçando uns chinelos de grife
e tenho a impressão de que alguns estão deformados,
mas, claro, foi o meu olhar etílico que se perverteu
e dá cambalhotas enviesadas pra cima da realidade –
outros pés são lindinhos e despertam
fantasias dorminhocas.
Apenas visões.
Nenhum plano para o futuro.
O embate da conquista não semeia qualquer estresse.
Enfim, nenhum desespero.
Alguém precisa dizer isso pra elas.
(B. B. Palermo)
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