terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

DE MÉDICO E DE LOUCO

Se baixo a guarda,

eu fico louco!

É que estou cercado de gente

arrotando certezas

a partir de suas leituras bíblicas,

ou de ciências e psicologia,

adoçadas pelo senso comum.

É de chorar bater de frente

com a vontade de falar

desses infelizes.

 

Empresto meus ouvidos, digo sim.

A cabeça vai perambulando

como balão desgovernado.

Desejos insanos que fizeram Bodas de Ouro

aguardam sobre estantes,

repletos de pó e vontade louca

de compartilhar suas balelas.

 

Haja psiquiatras e psicólogos,

haja padres, pastores e pessoas humildes

e sua paciência para deixar seu cérebro

ser encharcado por nuvens de delírios.

 

Você já esqueceu em que lugar se escondem

as minas prontas para explodir.

É lunático tentando persuadir lunático,

psicótico convencendo neurótico...

Você sofre de insônia e tenta adivinhar

em qual ala psiquiátrica qualquer dia vai pousar.

É que somos um bando de malucos

batendo asas e indo

a todo e nenhum lugar.

 

O pior é a má-fé:

você é um cretino que vive meio torto

e mesmo assim distribui um belo repertório

de conselhos a esses pobres diabos.

 

Queremos virar o disco,

queremos esquecer o passado,

nunca mais olhar pelo retrovisor.

Queremos afundar o pé 

e nos afastarmos dos fantasmas

que continuam a nos escravizar.


Talvez sirva de consolo

um ditado de merda

que não cansamos de repetir:

 

DE MÉDICO E DE LOUCO

TODO MUNDO TEM UM POUCO!

 

(B. B. Palermo)


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