Se baixo a guarda,
eu fico louco!
É que estou cercado de gente
arrotando certezas
a partir de suas leituras bíblicas,
ou de ciências e psicologia,
adoçadas pelo senso comum.
É de chorar bater de frente
com a vontade de falar
desses infelizes.
Empresto meus ouvidos, digo sim.
A cabeça vai perambulando
como balão desgovernado.
Desejos insanos que fizeram Bodas de Ouro
aguardam sobre estantes,
repletos de pó e vontade louca
de compartilhar suas balelas.
Haja psiquiatras e psicólogos,
haja padres, pastores e pessoas humildes
e sua paciência para deixar seu cérebro
ser encharcado por nuvens de delírios.
Você já esqueceu em que lugar se escondem
as minas prontas para explodir.
É lunático tentando persuadir lunático,
psicótico convencendo neurótico...
Você sofre de insônia e tenta adivinhar
em qual ala psiquiátrica qualquer dia vai pousar.
É que somos um bando de malucos
batendo asas e indo
a todo e nenhum lugar.
O pior é a má-fé:
você é um cretino que vive meio torto
e mesmo assim distribui um belo repertório
de conselhos a esses pobres diabos.
Queremos virar o disco,
queremos esquecer o passado,
nunca mais olhar pelo retrovisor.
Queremos afundar o pé
e nos afastarmos dos fantasmas
que continuam a nos escravizar.
Talvez sirva de consolo
um ditado de merda
que não cansamos de repetir:
DE MÉDICO E DE LOUCO
TODO MUNDO TEM UM POUCO!
(B. B. Palermo)
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