Nesses
dias de esforços sobre-humanos para me manter sóbrio e recuar um pouco a
barriga, a primeira música que me sobe à cabeça é de propaganda de cerveja.
Pior
ainda é duelar com a vontade capeta que só vê copo cheio diante dos olhos à
espera pra ser sugado, e a toda hora me perguntar quem sou eu e o que quero da
vida.
Ainda
mais dramático é ler poetas rebeldes de alguns séculos atrás e buscar traços
que me identifiquem com eles, como se tivesse herdado ou reencarnado seus defeitos
e vícios.
Agora,
ao ouvir o blues que o Renato Fernandes canta bêbado nuns versos em nossa
língua varonil, a palavrinha que lateja em minha mente é "dignidade,
dignidade". Como se eu devesse me culpar por todas as merdas que os
políticos planejam na calada da noite, e seu papo furado de que são necessárias
reformas urgentes, como se o mundo fosse acabar se não aceitarmos isso.
Os que
os apoiam são chamados de "gado".
Os que
fazem a crítica são chamados de comunistas.
Rebanhos,
todos, com ou sem conhecimento de causa, marchando em ordem unida para o abate.
Não
suporto bater de frente com a opinião desse povo. Sei que serei odiado, pois
aqui estou dando meus palpites.
Nossa
opinião tem o mesmo grau de veracidade dos seis números que jogamos na Mega sena.
A probabilidade de acertar e de ser levado a sério é de uma em seis milhões.
Então, não perca tempo opinado por aí. É muito mais saudável ir pescar ou fazer
sexo ou, por que não?, se masturbar. Vai por mim, meu brother.
(B. B.
Palermo)
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