quarta-feira, 27 de julho de 2016

Hoje não tem poesia


Se não estou triste, não consigo fazer poesia.
Amarrado ao momento, não tenho angústia ou medo da vida e da morte.
O que me espanta é o preço da cebola, tomate, batata, gás e gasolina. 
Hoje a calculadora comanda meu coração.
Não sofro pelos outros, nem por amores perdidos.
O dia não entra em pânico quando vejo as tragédias previstas da TV.
Vivo o dia de amanhã, acostumado com o dia de ontem, resignado com as misérias do meu país.
Não sei se é melhor viver ou morrer.
Rezar ou ser ateu.
Ser religioso ou ator.
Seguir a corrente ou andar na contramão.
Fugir de tudo o que é natural ou fugir do urbano e andar de pé no chão.
Deixei de ser poeta, porque ser poeta é andar fora da moda.
Mas confesso que persigo alguma tristeza, alguma emoção. Pra vida ter mais sabor.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ele já estava lá

  As pessoas por perto pareciam murchas, daquele jeito, de ideias, uns sonâmbulos, e cansei também de trocar confidências com os cães ...