sábado, 1 de setembro de 2018
Nuvem passageira
Quem sou eu?
Sangue
átomo
matéria
espírito
assovio
roubado pelo vento.
Uma cabeça confusa
com seu olhar embaçado
pelas cores e formas
do lixo que me sufoca.
Sou amigo dos bichos.
Me espanto com pássaros
acasalando,
com a música de grilos
metálicos.
Acredito em todos os meus sentidos,
e sinto a
presença de Deus nesses jardins abandonados,
na carcaça da cigarra presa no
tronco, no olhar do cão abandonado.
Um dia vou morrer. Por isso quero sentir tudo, aqui
e agora.
Sem pensar na recompensa. Se vai ser o fim de tudo,
ou um novo recomeço.
Vai, nuvem passageira. Não pense demais. Deixar para amanhã pode ser
tarde.
(Teco, o poeta sonhador)
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
A selfie perfeita
Desejo a selfie perfeita, a imagem divina que vai agitar
o seu mundo.
Não sei em que lugar gatas exibem seus aparelhos, se
estão na balada ou no jardim da praça.
Quero ser capturado por aqueles dedos e sentimentos
ágeis.
Quero ter para mim seu tempo sagrado.
Quero amansar sua obsessão pelas fofocas das redes
sociais.
Minha performance nesse palco precisa abrir as
cortinas de suas varandas.
Mas, confortavelmente sentadas, elas passeiam por
outras nuvens virtuais.
Perco meu tempo. Desperdiço minha energia com a
imagem que quero mostrar para os outros. Outros fazem o mesmo. Todos fazem o
mesmo cálculo, todos decoram a mesma canção.
Admitamos. Vivemos um desfile de egos. E ninguém
liga para ninguém. Pelo menos até aqueles dias de insônia que amanhecem sombrios.
sábado, 25 de agosto de 2018
Tudo sempre igual
Abro o jornal, fico sem graça com a coluna policial.
Tudo sempre igual. Muita informação, tragédias, dilemas, nenhuma crônica ou
poema.
Jornal não educa para a sensibilidade. Para vender,
exagera no que ocorre de pior.
Jornal visa ao leitor indiferente, frio, que apenas
repete fatos parecidos uns com os outros.
Papagaios atualizam para outros papagaios as desgraças
do dia.
Sensibilidade nasce com a gente ou se educa? Sensacionalistas,
nossos jornais querem vender. Educar exige tempo e esforço, e não dá lucro.
Papagaios alimentam papagaios. Uns, livres para
narrar. Outros, engaiolados a escutar.
A coluna policial do jornal vira poema quando eu
espremo e verte sangue.
(Teco, o poeta sonhador)
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
No olho da paixão
Quando você aparece entro em curto.
luzes acendem e apagam, como se estivesse
cercado por viaturas policiais,
ou por um festival de vaga-lumes.
Palavras fogem, fogem os gestos,
basta experimentar o teu perfume.
Não encontro motivos pra resistir
ao teu sorriso. E isso me enlouquece,
e sofrer assim não compartilho.
Estou ansioso e indeciso.
Eu sei que há tanta coisa no mundo.
Mas é em você, só em você,
que ando preso.
Eis a pergunta que me faço toda manhã:
será que um dia me libertarei do olho da paixão?
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
quarta-feira, 1 de agosto de 2018
sábado, 28 de julho de 2018
Sinto tua falta
Quem vive fazendo arte, vive do excesso e da falta.
Muita chuva e pouco sol
acabam em melancolia e nenhuma poesia.
Neste espelho, escutando
teu silêncio, perdi o verbo, a paciência e o humor.
Alegres, garrafas e adegas
e amigos aguardam para brincar com suas verdades.
Roupas no varal que não
secam, folhas em branco que aguardam meus versos.
Quis fotografar e
compartilhar com anônimos o eclipse lunar, mas o personagem principal, o sol,
não apareceu.
“Pense grande. “Tudo
está em tuas mãos. “Você é o centro do mundo”, dizem os gurus. Distribuem uma
luz em múltiplas parcelas. Ingênuos, esquecem que a lâmpada precisa acender no
interior de cada um.
Quero ser do tamanho do
amor que me falta.
Por favor, alguém
lembre o sol de te avisar que estou implorando pra você voltar.
(B. B. Palermo)
sexta-feira, 20 de julho de 2018
quinta-feira, 19 de julho de 2018
quarta-feira, 18 de julho de 2018
Perspectivas (otimistas) de mulheres e homens
“As mulheres são
ingênuas, acreditam que o seu homem vai correr atrás delas a vida toda (...).
As mulheres cultivam a fantasia de que o verdadeiro amor é capaz de transformar
os homens. Quando isso não acontece, e isso nunca acontece, elas perdem o orgulho
e viram esses farrapos que a gente vê por aí” (Fernanda Torres. Fim).
“Abano o rabo, lambo a
mão, e ela me acusa, dedo em riste. Está sempre pronta pra dar o bote, o
conselho, a ameaça mil vezes repetida. Românticas e verdadeiras, até parece,
depois de te fisgarem, correm atrás de uns pilantras. Ninguém sabe o que uma
mulher quer. Tenho um amigo que sempre repete: ‘Me diz quem tu tá pegando e te
direi o que sobrou de ti’. O ingênuo se juntou a uma psiquiatra. Reclama que
não consegue respirar, mas não salta fora. Me garante que o poder feminino é
ancestral, já está escrito nas narrativas mitológicas. De sua experiência
própria, chegou à seguinte conclusão: o objetivo de uma mulher é destruir um
homem (B. B. Palermo. Palermices).
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