sexta-feira, 8 de maio de 2015

Amor Amor - Cacaso





Quando o mar
quando o mar tem mais segredo
não é quando ele se agita
nem é quando é tempestade
nem é quando é ventania
quando o mar tem mais segredo
é quando é calmaria
quando o amor
quando o amor tem mais perigo
não é quando ele se arrisca
nem é quando ele se ausenta
nem quando eu me desespero
quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero
http://letras.mus.br/cacaso/240023/

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Abobado



Acho que esse meu tempo
é um tempo de antigamente
onde fico abobado
sonhando um passo na frente
tropeçando acordado
meio bicho meio gente.

Amo tanto minha vida
se penso fico contente
amo Rosa e Margarida
quero ficar pra semente
só não quero acordar
retardado e demente!

(Tiradas do Teco Poeta Sonhador)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O poeta... - Mario Quintana


O poeta adolescente traz no
bolso
o soneto que fez ontem de
noite:
só isso basta para justificar a
vida,
o soneto não presta, a vida é
boa,
os sinos chamam por amor!

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Assim caminha a pós-modernidade


Quando Pascal olhou pro céu                         Quando ET viu as gatinhas
e se viu pequeno diante de um                   dançando num baile funk, disse:
  universo infinito, disse:                                  "O rebolado desses
"O silêncio desses espaços                              bumbuns alucinados
      infinitos me apavora."                                    me apavora!"


(TIRADINHAS do Teco Poeta Sonhador)

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Afinal, o que é inteligência? - Isaac Asimov


Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos.
A média era 100.
Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal.
(Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police)
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos.
No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico.
Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal.
A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez.
Ele adorava contar piadas.
Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”
Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”
Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou:
“Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”
E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Jiboias virtuais


- Você viu no livro O pequeno príncipe um desenho de um chapéu?
- Nada disso. É o desenho de uma jiboia que engoliu um elefante!
- Então você viu uma coisa e eu vi outra...
- Hum... Olhamos de paradigmas diferentes.
- Percebes como não existe verdade única? A realidade ( e a verdade) está atrelada à perspectiva de quem olha.

- Hoje em dia damos o nome de jiboia para outra coisa.
- Como assim?
- Jiboias são aquelas pessoas que "engolem" tudo o que é postado no facebook.

(Tiradas do Teco Poeta Sonhador)

terça-feira, 21 de abril de 2015

Quebra-cabeça



Toda vez que penso em você, te levo pra passear nos meus sentimentos. Mas tua imagem escapa, ou diz "não, não quero". Pra suportar o vazio, guardei uma fotografia, em silêncio. Só que, de tanto meu olhar te perseguir, teu rosto perdeu a resolução. Quebro a cabeça com lembranças, sons, ruídos, mas você diz "não, não quero, não quero", até zunirem meus ouvidos.  Pirei quando caiu a ficha do que vivo neste momento: teu rosto é a peça que falta no quebra-cabeças dos meus sentimentos!

(TIRADAS do Teco, o poeta sonhador)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Mi, bi, tri - Arnaldo Antunes



q u a n t o s   m i,   b i,  t r i


lhões  de  murros  no  muro


s e r ã o    n e c e s s á r i o s


a t é  q u e,  a o  t o c á – l o,


m e u      p u n h o      p o s s 


a                                         a


t  r  a  v  e  s  s  á   –   l  o  ?


(Do livro n.d.a. São Paulo: Iluminuras, 2010, p. 51) 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Levaram os seis filhotes - Affonso Romano de Sant'Anna



Levaram os seis filhotes dessa cachorrinha
que chora 
geme de desespero
procura suas crias pelos cantos da casa
sob a mesa
no jardim
na lareira
e pede socorro com seus olhos
exigindo explicação.
Perplexo a contemplo:
- não sabemos de nada.
Um mistério, uma pulsão de vida
nos trespassa
e a perda, e a morte
nos horrorizam e nos esmagam
numa impotente solidão.

(Do livro Sísifo desce a montanha)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ontem já era


Foi-se a infância. 
Depois da escola, torturamos 
os irmãos mais novos. 
Temos vergonha se estamos nuns. 
Mas os brinquedos, desesperados, 
gritam da sua utilidade. 
Ontem já era. 
Sedutoras, gatinhas temporonas 
brincam de esconde-esconde 
nas ruas e becos da cidade.

(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Diálogo entre um pré-adolescente e um ET



- Deus existe?
- Sim.
- Mas aonde??
- Nos lugares onde é bem-vindo. 
- Sinto Deus quando escuto a música das esferas celestes, do sol e da lua, dos rios e das montanhas...
- Como age Deus?
- Acho que as coisas de Deus são um mistério... Nessa vida moderna, em que temos pressa para ter, ter e ter, ficamos perdidos e esquecemos a alma no meio do caminho.

- O que chama a atenção de Deus? Riqueza? Poder?
- Acho que é algo simples, como um brinquedo que desperta a atenção de uma criança...

- Pra você, o que é a verdade?
- Hum... Acho que é não prejudicar os outros.
- A verdade é sempre a mesma?
O ET responde com uma pergunta: 
- O mundo não está sempre em movimento?

- O que você gostaria de fazer agora?
- Sei lá... Alguma coisa fora do comum...
- Dançar no meio da rua?!
- Brincar na chuva?!
- Abraçar um desconhecido?!
- Olhar o pôr-do-sol?!

(Inspirado na leitura do livro Maktub, de Paulo Coelho)

Pílulas diárias de fofoca

  – Em Canela, ninguém cumprimenta ninguém! Em Capão, todo mundo diz “bom dia!”, “tudo bem?”. Aqui tu anda de bermuda e chinelos e ningu...