Então ele quis me impressionar
com sua veia poética, o Zé.
"Hoje eu vi Rosinha
onde ela anda, será?
Vem, vem, Rosinha,
logo você fode o meu lar".
Não suportei o troço.
- Pô, Zé, isso é um baita clichê!
Aí ele ensaiou outro verso,
aquelas rimas fáceis
que vocês conhecem.
- Assim não, Zé!
Rapaz, tu desmonta a poesia,
o M. Quintana vai se revirar na tumba
e pedir pra ser expulso da Casa de Cultura.
Deixei a poesia de lado
e falei do cultivo das PANCs.
Ora, ora, sou especialista
em Ora-pro-nobis.
Zé aproveitou o embalo, e falou:
- Bah, cara, tu mete na cachaça,
faz como se fosse um licor,
e salva a humanidade
de seu problemas
gastrintestinais!
Apostando na potência
de minha crítica literária,
o Zé me alcançou
um manuscrito seu,
de ontem de noite.
Caralho, ao chegar no final do texto
eu senti Baudelaire.
BICHO, BAU-DE-LAI-RE, BICHO!
(B. B. Palermo)
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