Essa cambada de informações
que chegam de todo lado
deixam-me mais e mais vazio.
Um tédio compartilhado com quem não aprendeu
a pensar e a sentir, em tempos de ócio.
O que me faz doer as bolas é ter que dividir o oxigênio
com um bando de desocupados
que vomitam nos ouvidos sua gororoba.
Valha-me Deus,
que sorte poder ler um Dostoiévski
ou Leminski ou Machado... E tantos outros...
Também posso ouvir boa música, Um Schubert
ou Mozart ou Stravinsky... E tantos outros...
Não sinto falta dos aviões cortando o espaço aéreo
que minha vista alcança,
o que me enche o saco são mosquitos e papagaios,
verborrágicos e imbecis.
Não, não posso me queixar.
O que requer esforço maior
é deixar pra lá o celular
e evitar um passeio nesse mercado público
das opiniões obsessivas.
Ouvi dizer que o sexo continua em falta,
mesmo com o tempo disponível,
bocejando a nossos pés,
igual a um cão fiel.
Aqui estamos, devorando a sobremesa
do tempo
que temos à disposição
e não estamos nem aí.
Isso... Não admitimos
que logo seremos pontuais
em nossas sepulturas.
(B. B. Palermo)
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