terça-feira, 17 de setembro de 2019

Cruzando o sinal vermelho



Mochila nas costas,
cabelo amarrado,
balançando,
da universidade pra casa,
da casa pra universidade.
A vontade ergue edifícios,
investe em negócios milionários,
basta Ela passar por mim e acenar.

Bobo, a dúvida sempre aparece:
Ela ficou vermelha?
Ela me quer?

No trânsito, a maior transgressão de uns serzinhos
é cruzarem o sinal vermelho.
Outros, se masturbarem com parcerias
proibidas à luz do dia.
Não sei qual é a minha transgressão,
diante de sua passagem,
Ela, o retrato nietzschiano da vontade de potência.

Quero transgredir, apesar de ser
um fraco, um tímido,
pisando em ovos ou brasas,
com medo de errar a mão e o pé,
não acertar a descida do degrau
embora sóbrio e à luz do dia.

Diante Dela, tenho medo
de errar no verbo,
ficar vermelho e
despencar no abismo.

Ninguém suporta cair.
Por isso que os bares
e seus estoques e os puteiros
e suas ninfas aguardam...

Na volta da boemia,
de madrugada,
eu cruzo o sinal vermelho.

(B. B. Palermo)



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